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A seleção de 3976

A Copa avança com duas quartas de final que mereciam ser semifinais (Brasil x Holanda e Alemanha x Argentina, os quatro melhores times até agora) e duas que deviam, no máximo, ser oitavas (Uruguai x Gana e Espanha x Paraguai).

BRA x HOL e ARG x ALE: jogos que acontecem cedo demais.

A seleção brasileira segue exatamente do jeito que se imaginava: eficiente, forte na defesa, letal no contra-ataque, sem um bom reserva para Kaká e sem jogar um futebol lá muito vistoso.

Foi assim que ela triunfou na Copa América, na Copa das Confederações e nas Eliminatórias. E vai ser assim até o fim — tomara que no dia 11.

Nessas horas em que o (bom ou mau) futebol da seleção é debatido em cada palmo do território brasileiro, sempre se evoca um velho embate: o futebol-arte x o futebol-força (ou de resultados).

Ou, como este confronto é normalmente apresentado: a seleção de 82 x a de 94.

Poesia ou prosa?

A VIP de junho montou um quadro comparativo que repete pela enésima vez a pergunta: qual das duas seleções foi melhor? Após um belo rebolation matemático (deram -10 num quesito…) chegou-se a um empate.

Muitos jornalistas e boleiros insistem em dividir o mundo entre os defensores do time de Sócrates e o de Dunga. Mas a oposição entre esses dois times é, na verdade, uma grande bobagem.

Primeiro, porque não é preciso defender um OU outro. Eu gosto dos dois, pronto.  Como uma mãe que ama seus filhos com a mesma intensidade, não importa se um virou um grande médico e o outro, juiz de futebol, os brasileiros têm as duas seleções no fundo do peito.

Outra: o time “eficaz” de 94 fez muita coisa bonita, especialmente graças ao talento de Romário. E o time “artista” de 82 foi capaz de marcar perfeitamente Diego Maradona, no jogo da segunda fase contra a Argentina.

Por isso, muito mais divertido do que imaginar 1982 x 1994 é pensar em 1982 + 1994.

Uma seleção que somasse os pontos fortes de cada uma seria incrível. Um time obediente, aplicado e mortal como o do tetra. E brilhante, leve e apaixonante como o do quase-tetra.

Mas como ficaria o time titular?

***

No gol, não há dúvidas. Valdir Peres teve uma grande história no São Paulo, mas nunca foi unanimidade na seleção. E por conta daquela falha contra a URSS, eu cresci achando que seu nome era sinônimo de frangueiro. Se um moleque da rua levava um gol por entre as pernas, eu já gritava: “Aê, Valdir Peres!”.

Já Taffarel mora na nossa memória afetiva desde 1988, quando defendeu (muito) a seleção olímpica, passando pela Copa de 1990, quando foi um dos poucos que se salvaram e, claro, pelos Mundiais de 1994 e 1998.

Sim, ele tinha sua criaçãozinha de perus. Tinha também muita dificuldade para sair do gol (o “sai que é sua, Taffarel!” era menos um bordão do que uma súplica do Galvão). Mas sua folha de bons serviços prestados à seleção é enorme.

Durante a campanha do tetra, ele jogou mal por apenas 5 minutos (o suficiente para a Holanda empatar nas quartas, mas tudo bem). De resto, foi perfeito.

E pegou pênalti em semi e em final de Copa do Mundo. Super-trunfo.

Nosso goleiro, portanto, é Taffarel. Desculpe, Taffareeeeeeeeeeeeel.

***

Não se pode reclamar dos laterais dos dois times. A turma de 1994 era muito boa. Na direita, Jorginho, habilidoso, bom cruzador, autor de 50% do gol contra a Suécia:

Na final, sentiu uma contusão. Entrou Cafu, que também iria fazer história na seleção, mas nas Copas seguintes.

Na esquerda, Leonardo ia bem até perder a cabeça e quase arrancar a de um americano. Entrou Branco, que havia jogado muito em 86 e 90.

Na Copa dos EUA, no entanto, ele era muito contestado. Por um motivo. Ou melhor, dois: cada uma de suas nádegas, enormes, balofas, balouçantes. Vindo de contusão e já no fim da carreira, Branco estava gigante.

Mas o cara era bom, e tinha estrela (a quarta). Mesmo com toda a desconfiança, jogou bem os últimos três jogos da Copa. E fez aquele gol

Grandes laterais. Mas craques mesmo são os de 82. Os flamenguistas Leandro e Júnior tinham tanto talento que hoje seriam camisas 10 de qualquer time brasileiro (menos o Santos). Júnior, no fim da carreira, virou de fato um meia e foi campeão brasileiro de 92 jogando nessa posição.

Infelizmente na seleção os dois não conseguiram erguer a taça — coisa que cansaram de fazer no rubro-negro. O que não significa que não destruíam também de verde e amarelo. Principalmente naquela Copa.

E justamente por não fazer feio numa roda de bobinho com Zico, Sócrates e Falcão, Leandro e Júnior levam a 2 e a 6, respectivamente.

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Era para ser os Ricardos, Gomes e Rocha. Ou então o Mozer. Só que eles foram se machucando e ficando para trás. E, na última hora, no improviso, montou-se uma dupla de área improvável: Aldair e Márcio Santos.

Que foi a melhor zaga que eu vi jogar na seleção — até chegar Juan e Lúcio, mas esta é outra história.

Em 94, pela primeira vez na minha vida, eu não tinha palpitação quando o Brasil era atacado. A segurança e o entrosamento dos zagueiros era impressionante — ainda mais se lembrarmos que eles tinham jogado pouco tempo juntos.

Claro que o esquema fechado de Parreira e o ótimo desempenho defensivo dos volantes Mauro Silva (muitas vezes quase um terceiro zagueiro) e Dunga ajudaram muito. Mas a Copa da dupla de beques foi irretocável.

Sim, os zagueiros de 82 eram muito melhores tecnicamente. Oscar era ótimo. Os atleticanos amam Luizinho.

Mas, pô, levaram 3 gols do Paolo Rossi (das mais variadas formas) num jogo só. E estamos falando de Copas. Em 1994, Aldair e Marcio Santos ajudaram mais do que Oscar e Luizinho em 1982.

Eu sei, eu sei, uma pena. Aldair, Márcio Santos, pro campo.

Aldair e Marcio Santos

Eles mesmos, algum problema?

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Ah, o meio-campo de 82…

Pois é, nunca ouvi ninguém falar: “Ah, o meio-campo de 94…”. Era um quadrado de jogadores aplicados, mas sem grande refinamento: Mauro Silva, Dunga, Zinho e Mazinho.

Para dar mais brilho àquela árida região, Parreira havia tentado Luiz Henrique, Neto, Palhinha, Rivaldo e, por fim, Raí. Mas o craque são-paulino não fez uma boa Copa, e logo foi sacado — por Mazinho, um volante que subiu na vida.

Todos trocavam passes com correção, mas só quem dava grandes lançamentos e assistências era, por incrível que pareça, o capitão Dunga.

Enquanto isso, em 82… Raríssimas vezes na história se viu um meio de campo apenas com craques. Aquele time tinha: Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico, ídolos do povo de quatro estados diferentes.

Só craques.

E todos foram bem na Copa, com golaços, assistências, toques magistrais… A tentação é chamar o meio-campo inteiro daquela seleção. Mas espera aí…

O quarteto super-ofensivo não conseguiu bater a Itália naquele dia maledeto. E Cerezo, coitado, tornou-se personagem de um verbete da enciclopédia futebolística: “como não passar uma bola pelo meio da zaga”…

Então será que aquele meio-campo era assim tão perfeito? Será que não faltava justamente aquilo que sobrava no de 94, solidez defensiva?

Não sei. E enquanto meu lado utópico pendura pôsteres dos craques de 82, meu lado que quer o caneco me faz escolher pelo menos um homem de 94, justamente o que teve o melhor desempenho.

Meu meio-campo vai de Dunga, Falcão, Sócrates e Zico.

Dunga-94

Desculpe, Cerezo.

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Quando criança eu adorava as bombas do Éder. E sempre achei o Chulapa engraçado pra caramba. Os dois que me desculpem. Não dá para não escolher Romário e Bebeto.

Sem os dois, a seleção de 94 seria apenas um time razoável… da Alemanha. A dupla estava no auge, e compensaram a falta de técnica do meio-campo com um exagero de talento e faro de gol.

Em especial, Romário. Romário é rei. Pelo que disse que ia fazer e pelo que fez naquela Copa. Nem vou colocar aqui nenhum vídeo dele porque tudo que ele fez ainda está fresco na nossa memória.

Tá bom, eu coloco.

***

Botando na balança apenas o talento, deveríamos pegar a seleção toda de 82, mais o Taffarel e o Romário e pronto. Mas se pensarmos num time de verdade, que funcionasse na frente e atrás e, com isso, fosse capaz de ganhar, além de encantar, a escalação seria essa:

Taffarel; Leandro, Aldair, Márcio Santos e Júnior. Dunga, Falcão, Sócrates e Zico. Bebeto e Romário.

Podem jogar as pedras agora.  Ou, o que vai ser menos doloroso, mandar suas escalações de 82+94.

Aproveitem para pensar: que jogador de 2010 entraria nesse time? Tem vaga. Mas isso é assunto para outro dia. Daqui uns 15 anos.

Postado por: Marcos Abrucio

Vilões

Bom moço, articulado, bem-apessoado, arrumadinho, limpinho e talvez até cheirosinho. Este era Leonardo, lateral-esquerdo do Brasil em 1994. Ele só deixou de ser o marido que toda mãe sonhava para sua filha quando, nas oitavas-de-final, seu cotovelo entrou feito um trem na fuça do americano Tab Ramos.

Não importa que aquele tenha sido um ato impensado, que o americano estivesse fungando no seu cangote e que nunca antes nem depois disso Leonardo tenha feito nada parecido. A cena horrorosa e a conseqüente suspensão do lateral até o final do torneio fizeram dele o vilão do Mundial.

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10.

K.O.

Muitos outros vilões já deram as caras em Copas. Em 1974, Ernst Jean-Joseph, zagueiro do Haiti, foi o primeiro jogador a cair no antidoping. Seu julgamento foi sumário: logo que o resultado do exame foi divulgado, representantes do ditador haitiano Baby Doc arrancaram o zagueiro do hotel e cobriram o cara de porrada, por ele ter “envergonhado a pátria”, “sujado o nome do pais”, ou coisa que o valha — claro que essa pena não valia para o próprio Baby Doc

Já vimos que, em 1982, uma voadora desgovernada do goleiro alemão Harald Schumacher sobre o francês Battiston o fez ser mais odiado entre os gauleses do que Hitler. Na verdade, o posto de malfeitor daquela Copa poderia ser estendido a todo o time da Alemanha e mais o da Áustria, os co-autores da maior marmelada das Copas.

A Alemanha tinha perdido da Argélia (!) e precisava da vitória para passar de fase. 1 a 0 já estava bom. A Áustria podia perder de um gol de diferença que também se classificaria. Adivinha qual foi o resultado?

Não podemos esquecer também dos vilões nacionais. Para os ingleses, por exemplo, Diego Maradona foi um dos dois grandes escroques da Copa de 1986. O outro foi o juiz tunisiano Bin Nasser, que validou o gol de mão do argentino naquelas quartas-de-final.

Os argentinos, por sua vez, consideram o presidente da FIFA, João Havelange, o grande crápula da Copa de 1994. A raiva se justifica se a história a seguir for verdadeira.

Havelange teria autorizado Maradona, que estava (mais) balofo e vinha de uma suspensão por doping, a usar quaisquer recursos para entrar em forma. O argentino não precisaria se preocupar: incomodado com a falta de caras conhecidas do público naquele Mundial, o dirigente teria garantido que o craque não cairia no anti-doping.

Maradona ficou fininho e jogou muito na primeira fase. Mas após o jogo contra a Grécia, para a sua surpresa, ele foi convidado a deixar seu xixi num frasco. O resultado do exame apontou a presença de efedrina e outras substâncias que “agem sobre o sistema nervoso central e circulatório, com o efeito de melhorar os reflexos, aumentar a oxigenação do sangue e diminuir a sensação de fadiga”, segundo o relatório oficial.

“Cortaram minhas pernas”, disse Maradona, suspenso da Copa, que viu a Argentina ser eliminada em seguida.

Maradona xixi

Rumo ao último xixi.

Entre os brasileiros, ninguém foi tão crucificado quanto Barbosa, o goleiro da Copa de 1950. Eternamente culpado pelas falhas na final, virou sinônimo de fracasso para boa parte do público e da imprensa. Perto do que fizeram com ele, as reações ao passe errado de Toninho Cerezo, ao pênalti perdido por Zico ou ao meião de Roberto Carlos não fazem nem cócegas.

A atual Copa, que, ufa, melhorou muito em relação à primeira rodada, já apresentou alguns fortes candidatos a vilão: a Jabulani, as vuvuzelas, o time inteiro da França.

Para mim, no entanto, ninguém ganha do delay.

(Não confundir com Delei, meia que jogou no Fluminense, Botafogo e Palmeiras.)

Delei

Ele sempre chegava atrasado nas jogadas.

Estou me refirindo ao atraso entre a programação da TV normal e a programação digital, em HD, cabo, parabólica, o diabo. São vários os níveis de atraso, dependendo da TV que você tem em casa (e as da vizinhança, claro).

Mas, em geral, o negócio é mais ou menos assim: seu vizinho, que tem TV de antena ou TV a cabo simples, grita Gooooooooooooolllll!

(barulhinhos de grilo)

E só agora, na sua casa com TV à cabo-digital-parabólica-HD-de-merda, o Galvão grita: Gooooooooooooolllll!

É um inferno que aporrinha muita gente: pela primeira vez a Copa tem transmissão digital para um  numero considerável de lares. O pior de tudo é que você nunca esquece que o delay existe. Suas orelhas estão sempre em pé, prestando atenção se alguém grita lá fora.

O desastre é completo quando seu time precisa fazer um gol e tem, por exemplo, uma falta para bater na entrada da área. Você não consegue deixar de atentar à vizinhança. E se ninguém está gritando, você já sabe: por mais que o atacante esteja ajeitando a bola com carinho, ela não vai entrar.

Se na sua casa a transmissão é analógica, fique feliz. Você gasta muito menos e assiste ao jogo verdadeiramente ao vivo.

Mas se você quer se mostrar para a vizinhança, dizendo que já tem, sim, uma TV digital, uma dica: ao ver o gol do Brasil, segure o grito na garganta. Eu sei, vai ser difícil. Mas mantenha-o lá, preso, por uns cinco segundos. E aí, quando o Galvão já tiver parado de gritar, abra a janela e grite com fé: Gooooooooooooolllll!

(Uma dica bem melhor está aqui.)

***

A seleção foi muito bem no jogo contra a Costa do Marfim e o técnico, muito mal na entrevista.

O olhar ensandecido de Dunga enquanto ele balbuciava ofensas durante a coletiva foi uma das cenas mais assustadoras que eu vi na vida.

Que fique claro: o “chupa Globo” é totalmente compreensível, pelo histórico de distorções, equívocos e não-jornalismo (esportivo ou não) da emissora. É ótimo que os brasileiros comecem a ver TV de forma mais critica. Hoje há muito mais canais de informação e participação do público, e vejo isso de forma otimista: com mais gente tomando conhecimento de mais lados de mais notícias, cai a chance de manipulação.

Mas o ódio contra o plin-plin não pode justificar tudo, muito menos o comportamento demente do treinador da seleção. Ele foi mal-educado com todos que o assistiam, não só com o jornalista global. Foi burro ao se portar assim em um evento da FIFA. E foi covarde, ao murmurar suas infâmias em vez de despejá-las em alto e bom som, diretamente a quem os merecia (ou não).

Mas o pior foi aquele olhar. Olhar de vilão de filme.

Todos sabemos, no entanto, que Dunga só será um vilão de verdade se o Brasil for eliminado. Tudo que relevamos até aqui (porque o time está bem, porque ganhamos tudo até agora, porque durante a Copa a gente torce mesmo, uai) virá à tona: seu complexo de perseguição, sua inconstância, seu despreparo, sua loucura.

Tomara que não. Prefiro lembrar dele de outra maneira:

Postado por: Marcos Abrucio

Copawriter de Fora III: A Argentina de 2010 é o Brasil de 1994, por Caio Cassoli

O terceiro Copawriter a escrever nesta seção é, na verdade, um Copartdirector de mão cheia. Caio Cassoli trocou a caneta do tablet pelo teclado e trouxe uma constatação assustadora: a atual seleção argentina lembra muito mais a brasileira de 1994 do que a gente gostaria de admitir…

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A Argentina de 2010 é o Brasil de 1994.

Não, não acho que essa Argentina é retranqueira, não é isso. A Argentina não joga igual ao Brasil do Parreira. Até porque o ataque dos hermanos é o sonho de qualquer jogador de Winning Eleven: Messi é o melhor do mundo, Milito fez 2 gols na final da Champions League, Higuain e o Tevez estão arrebentando.

O que eu acho bizarro são as coincidências entre esses dois times. Vamos a elas:

Classificação sofrida: aqueles dois gols do Romário no Maracanã e a vitória vocês-vão-ter-que-me-engolir do time de Maradona em Montevidéu.

Ultimo jogo das eliminatórias com o Uruguai.

Técnico desacreditado: em 94, quem não entoou o mantra “Parreira burro”? Hoje, graças ao seu desempenho no banco, Maradona desceu de pedestal de “Díos”. O que, no caso dos argentinos, é o equivalente de chamar o Parreira de burro.

O craque do time joga no Barcelona: Romário fazia dupla com Stoichkov no time catalão em 94. Hoje quem está lá é Messi.

Campeão 24 anos depois: se for campeã nesse ano, a Argentina vence 24 anos depois de 86, como o Brasil em 94 — 24 anos depois de 70.

Num país sem tradição no futebol: em 94 nos Estados Unidos, país do basquete, baseball e futebol americano; hoje, na África do Sul, país do rugby e cricket.

E as coincidências entre Brasil e Argentina não param por ai:

Os 2 países foram campeões no México (Brasil – 70 e Argentina – 86), oito anos depois da última conquista (62 e 78) e com o maior craque da história do país (Pelé e Maradona).

Bom, vou parar por aqui, senão daqui a pouco vou descobrir que sou argentino.

Ver também: Copawriter de Fora I e Copawriter de Fora II

Porra, Jorginho!

O povo tentou. A imprensa tentou. Os colegas de profissão, idem. Mas se tem alguém que poderia fazer Dunga mudar suas convicções na hora da convocação, esse alguém era Jorge Amorim de Oliveira Campos. Ou simplesmente Jorginho.

Parceria desde 1983 e Jorginho ainda não convenceu Dunga a mudar seu estilo

O ex-lateral-direito é parceiro de Dunga na seleção brasileira desde 1983, época em que foram campeões mundiais na categoria júnior. Jogador muito técnico e raçudo, participou de grandes times como o Flamengo (anos 1980) e a seleção brasileira tetracampeã em 1994.

Atuou ao lado de craques como Zico, Júnior, Careca, Bebeto, Romário, Mozer, Mauro Galvão, entre outros. Jogadores de técnica refinada e futebol bonito. Gente que valorizava a arte sem deixar de ser competitivo.

Jorginho na época de Fla: bons tempos em que os laterais brasileiros sabiam cruzar

Ao contrário de Dunga, que baseou sua carreira na força e na raça, Jorginho buscava o jogo bonito. É verdade que sua forma de jogar ganhou vigor com a passagem pela Alemanha – provável inspiração do futebol eficiente pregado por Dunga. E, no fim da carreira, já de volta ao Brasil, Jorginho começou a se destacar mais pela liderança em campo, já que as pernas não tinham mais a mesma força.

A carreira do ex-lateral indicava um futuro treinador com mentalidade mais ofensiva no esquema de jogo. Uma reverência aos grandes esquadrões do Brasil em Copas e – por que não? – ao timaço do Flamengo de sua época.

Ao acompanhar as decisões da dupla Dunga-Jorginho, no entanto, percebemos que outras experiências influenciaram em suas decisões: as Copas de 1990 e 1994.

Caniggia e Taffarel na mesma foto: precisa de legenda?

Em 1990, sob a batuta de Sebastião Lazaroni, a seleção brasileira teve uma das atuações mais controversas em Mundiais: o time não engrenava e o esquema europeizado não agradava. O futebol-força daquela seleção foi deixado para trás em uma arrancada de Caniggia após passe de Maradona.

Já em 1994, Parreira optou pelo futebol defensivo e pragmático para conquistar a Copa. Jorginho foi o titular da lateral-direita naquela seleção e parece ter aprendido os métodos de seu treinador. Futebol sem ousadia, mas eficiente.

Você consegue adivinhar quem está ao lado de Dunga e Romário na foto? Não, não é o Jorginho...

Apesar de saber de todo esse histórico, milhões de brasileiros tinham esperança de que Jorginho lembrasse do passado distante ofensivo e esquecesse do passado recente pragmático. E mais do que isso: percebesse que Kaká não pode ser o único responsável por apresentar lances que decidam uma partida. Ronaldinho Gaúcho, Neymar e Ganso eram nomes que o antigo Jorginho não deixaria de fora, ou pelo menos, lutaria por eles na lista.

Convocação anunciada, decepção no ar. Porra, Jorginho! Os três ficaram de fora. E muitos representantes do futebol-força – ou seria do futebol esforçado? – estavam na lista definitiva. Lista definitiva? Ronaldinho e Ganso estão na “lista de espera”. Vai que alguém brinca de goleiro em um treino e…

"Que tal trocar suas figurinhas do Josué e do Klebérson pela do Ganso, Dunga?"

Muitos disseram que Dunga foi incoerente ao deixá-los na segunda lista, já que nunca passou pela sua cabeça contar com os dois entre os 23 preferidos. Pensando bem, a lista de espera cheia de jogadores técnicos pode não ter sido por acaso: talvez seja influência do antigo Jorginho, querendo ser coerente com sua origem ligada ao futebol-arte.

Postado por Flávio Tamashiro

10 razões para ver Dinamarca x Holanda

Se tem um jogo da próxima Copa que vale a pena ficar de olho, esse jogo é entre a “Dinamáquina” e a “Laranja Mecânica”. Você pode falar que o duelo mais esperado da primeira fase é Brasil vs. Portugal – e provavelmente é. Mas a partida entre dinamarqueses e holandeses também promete pelo histórico, superstições e ofensividade das duas seleções.

Veja algumas razões históricas para não perder esse jogo, em 14 de junho:

10) Dinamarca já foi “Dinamáquina”

A  seleção danesa encheu os olhos dos amantes do futebol na segunda Copa no México, em 1986, com direito ao massacre de 6 a 1 sobre nosso eterno rival Uruguai.

9) Carrossel Holandês de 1974

Time que dispensa comentários. Além de encantar o mundo com seu Futebol Total, arrasou nossos hermanos argentinos naquela Copa: 4 a 0.

8 ) Craques da terra de Hamlet

A Dinamarca também forma craques como Michael e Brian Laudrup. A expectativa é de que apareçam bons jogadores para honrar as camisas que já foram dos irmãos bons de bola.

7) Celeiro de craques batavos

A Holanda – com uma ajudinha do Suriname – sempre revela grandes craques para o futebol mundial. Quem sabe um deles não repita em 2010 o que Johann Cruyff (ou Cruijff) fez em 1974?

6) Euro Top-Top

A prova de que vale a pena ficar de olho nas duas seleções é a presença delas em vários top goals, top matches, top players, etc.

5) Os Daneses já foram de azarões a campeões

Nada como entrar como convidada e terminar o torneio como a grande campeã. Assim foi a Dinamarca na Eurocopa de 1992, na Suécia.

4) A Holanda sabe gritar “É campeã!”

O título mais importante da seleção laranja foi a Eurocopa de 1988 e veio com um timaço que incluía Van Basten, Gullit, Rijkaard e o técnico Rinus Michels (o mesmo de 1974).

3) A força da Holanda em Copas

Vice-campeã em 1974 e 1978, a Laranja protagoniza batalhas épicas em mundiais. O empate na semifinal de 1998 é considerado por muitos o último jogo do Brasil naquela Copa (alguém aí viu o Brasil entrar em campo na final contra a França?).

2) A Dinamarca já assustou o Brasil

A partida de quartas de final em 1998 teve direito a virada, muitos gols e falha do Roberto Carlos (!).

1) Boas recordações da Holanda em Copas recentes

Além do combate em 1998, a seleção laranja enfrentou o Brasil no melhor jogo da Copa dos EUA, em 1994. Essa partida não sai da memória do brasileiros e tem gente agradecendo até hoje a “lordose acentuada” do Romário no lance do terceiro gol .

Postado por Flávio Tamashiro