Sempre fui fã do Neymar. Apesar dele ser marrento, mimado, mal-assessorado, ególatra. Só que, além disso tudo, ele é um gênio. Total. Joga muito, muito mesmo. Mas nessa Copa, pela primeira vez, peguei raiva dele. Não porque ele tenha ido tão mal (nem bem.) Mas porque ele foi burro.
Burro, burraldaço. E aí dá raiva.
Algo que eu não senti nem quando ele deu um chapéu no Chicão com o jogo parado. Ou quando deu um chapéu no Santos e disputou o Mundial de Clubes contra o Barcelona já contratado pelo… Barcelona. Ou quando deu um chapéu na Receita Federal. Ou quando deu um chapéu…
Não, nada. Cansei de defendê-lo em inúmeras situações. Porque ele é fera. No começo, havia o medo dele virar um Robinho, alguém que prometia ser um dos grandes mas no fim não era nada disso. Bobagem. Lembre-se de que Neymar já foi decisivo para os seus times em várias conquistas e ainda fez gols nas finais dos maiores desses títulos (Libertadores-2011 no Santos, Champions-2015 no Barcelona, Olimpíada-2016 na Seleção, por exemplo).
Por isso, nunca liguei para os seus penteados, suas tatuagens ou seus tuites. Pra falar a verdade, nunca me importei nem com a sua fama de cai-cai, piscinero ou diver (dependendo do país onde você está). Afinal, a cada jogo, ele apanha mais que o Rocky Balboa em todos os filmes da série. Apanha mais do que qualquer outro jogador no mundo. Se ele provoca, se chama a falta, aí é outra história. Mas apanha. Os caras pisam no pé dele, no tornozelo, dão cotovelada, o UFC todo. E aí ele desaba no chão e, em seguida, rola (e rola, e rola, e…). A hipérbole da sua reação era uma maneira de punir quem o surrava. Uma maneira de gritar: manhê, olha que o meu irmão mais velho fez!
Só que agora não precisava. E por não ter percebido isso, ele foi burro.
Neymar não sacou que, em uma Copa marcada pela vigilância do VAR e, paradoxalmente, por uma certa complacência à porrada (foram poucos amarelos, parecem que não queriam suspender ninguém), não adiantava nada ele rolar no chão daquele jeito. Quer dizer, só adiantou para melhorar nossos memes.
Não precisava cair como se tivesse levado uma bala perdida. Tava todo mundo vendo. E o artifício, que antes poderia ser uma defesa, passou a ser prejudicial. Contra a Costa Rica, ele preferiu cavar um pênalti (que foi anulado) a continuar o lance. Contra a Bélgica, a mesma coisa. Nas oitavas de final, o cúmulo: sua reação exagerada impediu que o mexicano que pisou criminosamente no seu tornozelo fosse expulso. Neymar gritou e rolou – como ele sempre faz. Então não foi nada de mais, pensou o juiz e o mundo inteiro. Não, o cara tinha que ser expulso!
Nosso maior craque foi burro ao não ver como esse comportamento não fazia mais sentido. Um erro crasso de avaliação das circunstâncias.
Isso tudo prejudicou seu rendimento, o rendimento do time e a sua própria imagem. Neymar virou uma piada: o mundo inteiro o cita mais como mau ator do que como excepcional jogador de futebol. Uma grande burrice.
Claro que ser marrento, mimado, mal-assessorado, ególatra afunda ainda mais a situação. Quem está à sua volta o “protege” tanto que ele continua, aos 26 anos e pai há um tempão, sendo chamado de menino. Sempre foi assim, a começar pela presença onipresente do seu pai (Neymar, uma dica: seu parça Lewis Hamilton estourou de vez na F-1 quando o pai parou de o acompanhar em todas as corridas, negociar com os empresários, decidir tudo por ele. Depois disso, ele virou gente grande).
Nessa Copa, até o Tite, o Edu Gaspar e toda a comissão técnica, supostamente tão equilibrada e justa, colaboraram para passar a mão na cabeça (ora loira, ora não) do “menino”. Ele não dá entrevistas, não dá cara a tapa, não sabe nada dos seus contratos nem das suas declarações de renda. Vive numa bolha. A críticas são tão filtradas que viram apenas conspirações de quem tem inveja dele. Ei, Ney, críticas são também para ver se a pessoa melhora. Se você não as ouve, como vai melhorar?
Mas tudo isso eu sempre perdoei. Porque o cara é foda. Mas burrice, não.
Não existe craque burro.
Postado por: Marcos Abrucio