Uniformes Inesquecíveis da Humanidade – 3

De um lado, a Hungria, vestindo meias, calções e camisas brancas. Do outro, a França, com meias vermelhas, calções azuis e camisa listrada verde e branca. França? De verde?

Seria o Juventude?

Em 1978, a França pintava como uma das promessas do Mundial. A equipe liderada por Michel Platini, já craque aos 22 anos, tinha um futebol vistoso e envolvente. Seria um sopro de alegria numa Copa que acabou marcada por times chinfrins e jogos horrendos.

No primeiro minuto do primeiro jogo, os franceses abriram o placar contra os italianos. Só que nos 89 minutos seguintes o mundo descobriu que os franceses tocavam muito bem a bola pra lá e pra cá, mas eram nada objetivos. A marcação italiana engoliu Platini e a Itália virou para 2 a 1. Este também foi o resultado do segundo jogo, contra os anfitriões argentinos.

Com isso, o último jogo da primeira fase, contra a Hungria, era apenas um amistoso: os dois times já estavam com passagem marcada para casa. Mas antes ainda iriam se envolver em um incidente cromático.

Todos sabem (sabem?) que a tradicional camisa húngara é vermelha, e a não menos clássica vestimenta francesa é azul. Cores bem diferentes entre si.

O azul e o vermelho dos dois países...

Diferentes para quem estivesse lá no estádio, mas indistinguíveis para quem via tudo em preto-e-branco. Era o caso da grande maioria da população argentina, que tinha apenas televisores pb. O vermelho e o azul virariam o mesmo tom de cinza e ninguém entenderia nada.

...seriam vistos assim pelos pobres argentinos pobres.

A FIFA então pediu que a Hungria vestisse seu uniforme 2, todo branco. Ok. Só que aí, ao que parece, os franceses resolveram causar.

A delegação da França viajou até Mar del Plata, local da partida, com apenas sua camisa reserva — também branca. Alegaram que ninguém tinha avisado que eles teriam que ir de azul…

A birrinha dos franceses nasceu do descontentamento com a arbitragem dos jogos anteriores — em especial contra a Argentina, em que um suposto pênalti a seu favor foi ignorado.

Resultado: na hora marcada, estavam 22 jogadores de branco no gramado. O juiz brasileiro Arnaldo Cesar Coelho coçou a cabeça, disse que a regra era clara e exigiu uma atitude. Alguém teria que trocar de roupa.

A solução foi dada por um pequenino time de Mar del Plata, o Club Atletico Kimberley. A equipe alviverde emprestou um jogo de camisas para os franceses, que mantiveram seus calções originais azuis e as meias vermelhas. Ô coisa linda.

Seu time já participou de uma Copa do Mundo? O Kimberley já!

O improvisado fardamento francês se tornou mais um Uniforme Inesquecível da Humanidade. Não por alguma qualidade estética, longe disso. Mas por lembrar para sempre o dia em que a Copa do Mundo teve seu momento várzea. Com todo respeito à várzea.

O resultado do jogo? Putz, esqueci.

Ver também:
Uniformes Inesquecíveis da Humanidade – 1
Uniformes Inesquecíveis da Humanidade – 2

 Postado por: Marcos Abrucio

6 Respostas para “Uniformes Inesquecíveis da Humanidade – 3

  1. Muito legal. Parabéns.

  2. História sensacional!
    Parabéns.

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