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“Muchos años en blanco”

Postado por: Flávio Tamashiro

Segunda-feira, 7 de julho. Dia morno, sem Copa, só na contagem regressiva para as semifinais. Pergunto a um hermano:

– Como se diz em espanhol que um time está na fila?

– ¿Cómo así?

– Sabe como é, sem ganhar um título há muitos anos…

– Ah, sí: ¡Está muchos años en blanco!

– Boa, então posso dizer que “Argentina está muchos años en blanco”?

– Por supuesto…

* * *

Por incrível que pareça, o diálogo acima não foi uma provocação. Foi por curiosidade mesmo. Esse hermano nem é argentino: é meu amigo colombiano.

A questão é que Alemanha, Argentina e Holanda, as seleções que acompanham o Brasil no mata-mata final, têm algo em comum: estão na fila há tempos. Eu me lembro de acompanhar o último título de cada uma delas e o mais engraçado é que o futuro parecia promissor para as campeãs.

 

26 anos de fila

Em 1988, a Eurocopa oferecia somente o “crème de la crème” do futebol europeu: apenas 8 seleções se classificavam para o torneio. A Holanda tinha um timaço com Van Basten, Gullit e Rijkaard. E no banco o inventor do Futebol Total: Rinus Michels.

Craques da moda (dá um desconto que eram os anos 1980)

Craques da moda (dá um desconto que eram os anos 1980)

Não existia essa de acompanhar os craques pela ESPN e comprar camisas com nome de gringo nas costas. Acompanhar a transmissão de um torneio desses era equivalente a ver uma miniCopa do Mundo. E a Laranja ganhou de forma incontestável ao bater a dona da casa Alemanha na semifinal e a poderosa URSS na final, com direito a um golaço de Van Basten.

A Holanda chegaria à Copa de 1990 como favorita ao título, mas sairia de lá sem uma vitória sequer. Após o título em 1988, os holandeses demoraram 22 anos para disputar uma nova final, a da Copa de 2010.

Em 1990, a Holanda não mostrou futebol nem espírito esportivo

Em 1990, a Holanda não mostrou futebol nem espírito esportivo

 

Há 21 anos, o último herói: Batigol

No início dos anos 1990, a Argentina tinha um timaço com Simeone, Redondo e Batistuta. Mesmo assim, o último título da seleção principal deles na Copa América de 1993, no Equador, não foi de grande brilho. A campanha dos hermanos antes da disputa final com o México incluiu 4 empates e uma única vitória sobre a Bolívia. No caminho, eliminou o Brasil nos pênaltis.

Na final, o atacante Gabriel Batistuta marcou dois gols sobre o time asteca e sacramentou a vitória da albiceleste. Foi o 14º título argentino na história da Copa América.

Depois daquela final, os argentinos chegaram a mais 5 finais, mas não conseguiram acabar o jejum.

Copa de 1990

Copa das Confederações 1995

Copa América 2004

Copa das Confederações 2005

Copa América 2007

 

1996: Fim do sonho Tcheco e início do jejum alemão

“O futebol são 11 contra 11 e no final ganha sempre a Alemanha”, bradou o atacante Gary Lineker após a eliminação de sua Inglaterra no Mundial de 1990. A frase explicitava o força do futebol alemão na época. A conquista de 1996 ratificou a fama do time germânico e serviu para redimi-lo da inesperada derrota para a “Dinamáquina” na final da Euro de 1992.

Lineker, “O pensador de duas cabeças”

Lineker, “O pensador de duas cabeças” 

A Euro de 1996, na Inglaterra, foi a primeira com 16 seleções participantes. Na fase de grupos, a surpresa ficou por conta da eliminação precoce da Itália, que ficou atrás da República Tcheca. A partir daí, os tchecos seguiram sua surpreendente caminhada até a final.

A República Tcheca tinha um tal de Nedved

A República Tcheca tinha um tal de Nedved

Smicer, Poborsky e Nedved eram nomes muito comentados naquele torneio pelo bom futebol. O problema é que na final estava a Alemanha. Os tchecos começaram bem e chegaram a sonhar com a taça ao abrir o placar no segundo tempo de pênalti.

Berger: "Essa Copa é nossa!"

Berger: “Essa Copa é nossa!”

Mas na sequência, a Alemanha voltou a ser a velha Alemanha e deu no que deu: Bierhoff empatou no tempo normal e marcou o gol de ouro na prorrogação, o primeiro de um torneio oficial.

A Alemanha disputou mais finais após aquela Euro, mas não levantou nenhuma taça. Do jeito que vai, o Lineker vai ter de rever sua frase.

Copa de 2002

Euro 2008

Por quem torço

Postado por: Marcos Abrucio

Como se sabe, o melhor do futebol é torcer (em segundo lugar, torcer contra). É por isso que, apesar de todas as suspeitas, bandalheiras, cafonices e decepções, quando chega a Copa eu não abro mão de apoiar o meu time – o Brasil-sil-sil.

(Lembrando que cada um tem seu time, ou nenhum time e torce se quiser. Se estiver a fim de torcer contra a seleção, fica a vontade. Valeu.)

Mas ser torcedor é tão bom que na Copa a gente não se esgoela por uma seleção só. Eu, por exemplo, também torço…

1) Pelos EUA.

Sim, pelos ianques imperialistas malditos. Vibrei nos jogos contra Gana e Portugal e sofri quando a Bélgica mandou os ianques imperialistas malditos para casa. Mas não foi só agora. Em toda Copa, estou eu ao lado desses caras:

Por quê? Imagina que você é um excelente jogador de badminton. Campeão mundial, ídolo na Tailândia e Indonésia, o caramba. Só que ninguém na sua rua sabe disso. Ninguém tem a menor ideia do que é badminton. “Peteca? Você joga peteca?”, todos perguntam.

É o que acontece com o futebol. O Brasil é pentacampeão mundial, teve os melhores jogadores de todos os tempos… e os EUA, que controlam a maioria da mídia e da indústria do entretenimento planetário não estão nem aí. “Com os pés? Vocês pegam na bola com os pés?“, eles perguntam.

Eu acredito que quanto melhores os americanos se saírem nas Copas, mais vão amar o esporte. E mais vão dar valor a quem manda nessa droga, nós.

Torcer pelos EUA (o que não é nada fácil, acredite) = torcer pelo Brasil.

Tá dando certo, olha só:

Em vez de futebol americano, futebol.

Em vez de futebol americano, futebol.

Em vez de beisebol, futebol.

Em vez de beisebol, futebol.

Em vez de House of Cards, futebol.

Em vez de House of Cards, futebol.

***

2) Pelos pequenos.

Eu (e todo mundo, admita) sempre torço pelos timecos contra as potências. Não é (só) espírito de porco. É também a emoção de ver que no futebol todos têm chances, mesmo os menores, os mais fracos, os mais toscos, os americanos.

É o que faz deste o mais democrático dos esportes – e por isso mesmo, o mais nobre dos esportes.

Por isso vibramos tanto com zebras como essa:

***

3) Pelos Grandes (Craques).

Não, não torci pela Argentina ou por Portugal. Mas não torci contra Messi ou Cristiano Ronaldo, como muitos fizeram.

(Para mim, vaiar a cada vez que eles tocam na bola é inexplicável. Os caras são os melhores do mundo no que fazem, e as pessoas ficam torcendo para eles se ferrarem. É como ir a um show do Eric Clapton e torcer para ele errar uma nota.)

Os gênios do esporte merecem respeito – e sempre tiveram a minha torcida. Nunca torci contra Michael Schumacher, Michael Phelps, Michael Jordan e todos os outros grandes Michaels. Apesar de não serem brasileiros, nunca tive problema nenhum com as hegemonias que eles impuseram. Eles são o que a espécie teve de melhor.

Torcer por eles = torcer pela humanidade.

Ele merece.

Ele merece.

***

4) Pelos goleiros.

Aí é por solidariedade de classe. Mas torci muito pelo interminável italiano Buffon, pelo inacreditável mexicano Ochoa, pelo elástico nigeriano Eneyama, pelo surpreendente argelino Rais e pelo milagroso americano Howard.

Mas não adiantou muito, não. Já foram todos para casa.

Ochooooooooooooaaaaaaaaaaaaa.

Ochooooooooooooaaaaaaaaaaaaa.

Raiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiis.

Raiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiis.

Hoooooooooooooooward.

Hoooooooooooooooward. 

***

5) Pelas prorrogações e pelos pênaltis.

Quando não é o meu time que está no meio, claro. Mas prorrogação e pênaltis para os outros é um belo refresco. E quanto mais dramáticos, mais sangue e mais ranger de dentes, melhor.

É, nesse caso, acho que é espírito de porco, mesmo.

***

Mas eu torço mesmo é…

6) Para essa Copa nunca acabar.

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(foto)

Os Caniggias

Postado por: Marcos Abrucio

Se o Brasil não ganhou TODAS as edições da Copa do Mundo, a culpa é deles. Dos algozes, dos carrascos, dos verdugos do Brasil. Dos Caniggias.

Para quem não lembra ou estava no maternal na época: Caniggia foi o cara que, com sua pose de vocalista do Poison, recebeu uma bola açucarada de Maradona, driblou Taffarel e defenestrou a seleção do Lazaroni em 1990:

Giggia, Paolo Rossi, Cruyff, Zidane (duas vezes) também nos entubaram em Copas do Mundo. Mas foram ótimos jogadores, dos maiores de todos os tempos. O fato de terem esmigalhado o Brasil foi apenas um de seus muitos feitos.

Já Claudio Caniggia, não. Quando se fala nele, a gente só se lembra daquela tarde em Turim. Do ponto final de uma das piores campanhas brasileiras de todos os tempos. (Tudo bem, vai. A gente também lembra dessa foto.)

Pois bem, quem foram nossos Caniggias? Pra começar, um dos nossos maiores executores, o…

1) Chuveirinho Assassino

Talvez você não tenha reparado, mas nas últimas três Copas que o Brasil perdeu (2010, 2006 e 1998), fomos derrubados por gols de bola parada.

Pausa para a sessão nostalgia-masoquista. 1998 e o “Quem é que sobe?!”:

2006 e o “Sai, Dida!”:

2010 e o “Fica, Júlio Cesar!”:

Dureza. Mas tão perigoso quanto a sanguinária bola aérea é o…

2) Já-ganhou dos Infernos

Claro que o Uruguai tinha um grande time. Mas o diabólico clima de “já-ganhou” criado nos dias que antecederam a final de 1950 foi determinante para a derrota brasileira.

Não por culpa dos jogadores, que fique claro. Um jornal carioca botou em letras garrafais, em cima da foto da seleção: “Eis os Campeões Mundiais” – ANTES do jogo. Políticos não saiam da concentração. Mendes de Morais, então prefeito do Rio, exigiu a vitória em discurso inflamado no Maracanã: “Eu cumpri minha palavra construindo esse estádio, cumpram agora seu dever vencendo a Copa do Mundo.

Com tanto peso nos ombros, não podia dar certo.

Claro que a Holanda de Cruyff era melhor que o Brasil em 1974. Se os dois times jogassem mais duzentas vezes, talvez empatássemos uma ou duas e olhe lá. Mas que o Brasil menosprezou aquele time, ah, menosprezou. Não é, Zagallo?

Além desses dois, também fomos vítimas de outro Caniggia: o…

3) Destino Vil e Cruel

Só o Destino Vil e Cruel explica o grande Leônidas da Silva, artilheiro e melhor jogador da Copa de 1938, tenha sido apenas o terceiro colocado no Mundial.

Diamonds are forever.

Diamonds are forever.

O Destino Vil e Cruel, esse fanfarrão, determinou que a geração de Zico, Sócrates e Falcão não levantasse o caneco ao menos uma vez. O DVC, esse dissimulado, ainda nos fez acreditar que o Galinho, ao perder aquele pênalti em 86, era o nosso algoz. Mentira. A culpa é do Destino, esse canalha. Canalha, vil e cruel.

Por outro lado, ora, ora, ora, quem também nos abateu em pleno voo foi o…

4) Destino Sábio e Misericordioso

Sim, ele também sabe o que faz. E acertadamente nos tirou de Copas que não merecíamos, de forma alguma, vencer. Como em 1930, 34, 54, 78 e 90.

Em 30 e 34, as federações cariocas e paulistas brigaram, impedindo craques como Arthur Friedenreich de embarcarem para a Copa. Perdemos logo de cara, bem feito para nós.

Em 54, apanhamos da Hungria na bola e partimos para o pau, em um dos episódios mais tristes das Copas, a Batalha de Berna. Feio, feio…

Para a Copa de 66, foram convocados 47 jogadores (!), entre eles dois Ditões (!!). O certo era o do Corinthians, mas chamaram por engano o do Flamengo. Para não ficar chato, deixaram os dois.  Na Argentina, em 78, Chicão foi convocado, Falcão não. Dá pra ser campeão assim?

Em 90, um time triste, com três zagueiros, três volantes – e ninguém marcando o Maradona. Quis o Destino, de forma sábia e misericordiosa, que não passássemos das oitavas. Não merecíamos mais do que isso. Mais do que o Caniggia argentino, foi a intervenção desse Caniggia onipotente que nos mandou de volta para casa mais cedo.

***

Que Caniggia pode nos derrubar agora? Difícil dizer antes da bola rolar. Os Caniggias são sorrateiros e aparecem de surpresa na área, sem marcação (né, Dunga, Alemão, Mozer, Ricardo Gomes, Mauro Galvão?).

Grandes adversários vão aparecer em nosso caminho. Mas por enquanto, meu maior temor é de um parente do Já-ganhou dos Infernos: o Terrível Não-Pode-Perder-Nem-Ferrando. O medo das consequências de uma derrota (vergonha mundial? Saques? Quebra-quebra?) pode pressionar nosso time a ponto de paralisá-lo.

Toc, toc, toc. Vira essa boca pra lá.

Por ora, importante mesmo é o que o vídeo abaixo comprova: a Copa finalmente chegou no Brasil!

 

A Copa do Mundo dos pênaltis não é nossa

Postado por: Henrique Rojas

Certa vez, Antonio Franco de Oliveira (o lendário Neném Prancha) afirmou que pênalti é tão importante que deveria ser batido pelo presidente do clube. Imagine, então, quando se trata de uma disputa de penalidades máximas valendo vaga na próxima fase de uma Copa do Mundo.

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Acabooou, acaboooou… É tetraaaaaa!!!

 

O desempate em jogos eliminatórios através da marca da cal existe desde o mundial de 1978, na Argentina – ano onde, curiosamente, não houveram empates nas fases finais. A partir de 1982, no entanto, os pênaltis começaram a se fazer presentes para alegrar ou aterrorizar quem lá está.

Brasileiros que somos, logo lembramos de 1994, Rose Bowl, Baggio, um verdadeiro field goal, cambalhota no gramado e “é tetra”. Outros irão até se lembrar das semifinais de 1998, quando eliminamos a Holanda em grande presença de Taffarel. Se voltarmos a 86, no entanto…

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Deu ruim pro Galinho

O fato é que, se a Copa do Mundo fosse decidida somente em disputas de pênalti, dificilmente seríamos penta.

O time mais frio do mundo nessas horas é – adivinhem? – o alemão, que contabiliza quatro decisões e quatro vitórias (82/86/90/06). Os argentinos vêm logo atrás, com três triunfos, e depois temos França (já mencionei 1986?) e Brasil, com duas explosões de êxtase.

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Os alemão pira

Já os países que mais amarelam na hora de bater penalidades, contando com três derrocadas em mundiais, são Itália (já mencionei 1994?) e Inglaterra (que, sem presidente, teria que pedir ao Príncipe Charles para que cobrasse). França, México, Espanha e Romênia seguem a fila, com um duplo fracasso.

England players appear dejected after losing to Italy on penalties

Motherfucker penalties

O histórico da Copa mostra que em 204 penais já batidos em decisões deste tipo, 144 foram convertidos, 41 defendidos e 19 desperdiçados. Mas, sinceramente, quem liga para os 71% que entraram se são os outros 29% que ficam marcados?

Marcos, o Santo que pegou várias cobranças na carreira (mas não precisou pegar cobranças do tipo em 2002), disse certa vez que o momento do penal é todo do goleiro. Fazer é obrigação, pegar não.

Taffarel_Brazil_penalty_Nederland-1998_France

Sai que é sua, Taffarel \o/

Zico, Baggio, Gerrard e tantos outros craques sentiram isso na pele e deu no que deu. Sorte a nossa que antes da hora fatal temos 120 de bola rolando.

Pessimistas 9 x 2 Otimistas

Postado por: Henrique Rojas

pachecao

Brilha, Pacheco!

A Copa está aí. Faltam 8 dias para o início do maior torneio de futebol do Mundo e, ao contrário do que acontece no segundo deles – a Champions –, nós estaremos lá. Aliás, estaremos aqui. E somos favoritos!

Para melhorar, motivos para esse otimismo todo não faltam: o grupo está fechado faz algum tempo (e são poucas as contestações), nosso treinador já ganhou um Mundial, vencemos a Copa das Confederações de maneira incontestável no ano passado e, sim, jogamos em casa.

Não que esteja tudo perfeito (nunca está) e o título seja certo (nunca é), mas, convenhamos, está tudo bem tranquilo, graças aos deuses da bola.

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Deixa com o papai, fera 😉

Só que enquanto eu e você estamos indo rumo aos estádios superfaturados cheios de confiança, alguns anciãos estão vindo na contramão, batendo o cajado do apocalipse na grama e dizendo que #VaiTerCopa, mas que #VaiDarRuim.

Só pra citar alguns nomes famosos, já ouvi José Trajano, Antero Greco e Mauro Cézar Pereira falando que temem esta calmaria toda. Que quando está assim é estranho, que nunca dá certo… e repertório eles têm.

Eu, sinceramente, quero dar um chute a lá Roberto Carlos na boca deles e dizer que isso é besteira. Mas, analisando a história das Copas mais emblemáticas que disputamos, me obrigo a dizer, totalmente a contragosto, que eles têm razão. Malditos.

ghiggia-uruguai1950

Foi esse cara que começou a zoeira sem limites

Comecemos por 1950. Aliás, somente passemos por lá. O assunto é tão incômodo e óbvio que nem vou me estender: 1 a 0 para os pessimistas, gol dele, Ghiggia.

Em 1958 permanecíamos com aquele complexo de cachorro vira-latas. A derrota em casa ainda era dolorida, o fracasso de 1954 era recente e Pelé ainda não era um conhecido e tarimbado craque. No entanto, fomos até a Suécia e sapecamos todo mundo – ajudando na tese de que tudo funciona melhor quando estamos desconfiados: 2×0.

Já em 1962, o papo foi outro. Éramos os melhores do mundo, a Copa foi no vizinho Chile e, apesar da lesão de Pelé (que, aí sim, já era Pelé), confirmamos o favoritismo com um baile de Garrincha e Amarildo. Ponto para os inabaláveis otimistas, que descontam antes do final do primeiro tempo.

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Ninguém parou Garrincha (nem os otimistas)

Em 1970 tínhamos, sem dúvida, um timaço (o medo era Félix no gol). Mas, mesmo com a troca de treinador pouco antes do Mundial e com o país envolto pelo caos da ditadura, a Seleção não se abateu com o fracasso de 66, vencendo e convencendo no México. Os otimistas dançam nas arquibancadas, cantam ser o time da virada e do amor (lelelê lelelê lelelê), e empataram o duelo em 2 a 2.

Foi então que vieram dois golpes duríssimos: 1982 e 1986. São as Copas mais tristes que o Brasil já viveu, tamanha qualidade e má sorte (com uma pitada de incompetência) dos escretes que foram a campo. Pessimistas nadaram de braçada nessa e abriram dois tentos de diferença.

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Deu ruim

1990 era uma Copa pessimistas para todos. Depois de dois fracassos seguidos, com duas equipes da melhor qualidade, nem tinha como ser otimista com Lazaroni. Essa não vai pra ninguém.

Em 1994 mais uma vitória dos pessimistas. Mesmo classificados na repescagem sul-americana diante do Uruguai, com Parreira contestado e Mazinho na vaga de Raí logo no segundo jogo, voltamos com o Tetra.

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Comemora mesmo, Dunga: a gente não acreditava em vocês

Pessimistas 5, Otimistas 2. Tá virando goleada.

Em 1998, mais uma vez, o otimismo estava de pé. Ronaldo era o melhor do mundo, time voando baixo, um campeonato praticamente perfeito até a final e… falhamos. Assim como em 86, caímos para a França, com direito a convulsão e Zidanadas. Meia dúzia pra eles.

Quatro anos depois, veio o sétimo tento dos pessimistas. Mesmo com Felipão chamado às pressas, vitórias sofridas no final das Eliminatórias e uma sonora derrota pra Honduras na Copa América dois anos antes, vencemos! Era o Penta na Ásia, contra todas as expectativas: 7 a 2.

E como sempre acontece quando ganhamos a última edição, chegamos a Copa de 2006 ainda mais confiantes. Era o tal do “Quadrado Mágico” dando resultado em todos os torneios, era Ronaldinho Gaúcho voando baixo e nada tiraria o Hexa da gente. Exceto uma meia ajeitada dentro da área e outro cambal sofrido para os franceses.

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Trio Parada Dura

Já 2010 foi uma coisa meio antagônica: enquanto o time ganhava tudo o que disputava dentro de campo (alimentando os otimistas), Dunga conseguia reunir o ódio da imprensa e dos pessimistas. E no quem é que sobe, trombamos com o Felipe Melo e deu Holanda, amigo. Haja coração partido e 9 a 2 no placar.

Ou seja: no frigir dos ovos, chegamos a 2014 com goleada histórica: 9 a 2 pra turma do “vai dar merda”. O que pode até não dizer nada, mas indiscutivelmente deixa aquele climinha (merda) no ar.

Minha esperança é que o futebol é uma caixinha de surpresas, que nossos jogadores vão dar 110% e, se Deus quiser, sairemos do Maracanã dia 13 de julho com os três pontos. E a taça na mão. Vira esse jogo, Brasil!