Porra, Mick! Brincadeira, tem muita gente antes para colocar na frente desta virgula.
Este espaço nasceu para celebrar a época mais divertida que existe: a época de Copa. Tudo nesse período é muito, muito legal: as eliminatórias, a classificação, o sorteio dos grupos, as lembranças de Copas passadas, a convocação, os uniformes, as gafes, os modismos, os feriados nacionais, o fato de todos, homens e mulheres, passarem a falar apaixonadamente de futebol em cada canto do mundo.
Mas, como já repeti milhares de vezes, melhor do que futebol, só torcer. Como é bom ser torcedor — ainda mais de um time que já ganhou tanto e encantou tanto como o Brasil.
A Copa vai continuar incrível. Esta vai continuar sendo a melhor das épocas. Mas vai ser inevitável não nos sentirmos excluídos da festa. Privar-nos de ter alguém para torcer é o que essa derrota tem de mais triste.
Este é o momento em que os clichês e os “eu já sabia” são despejados sem economia. Difícil não cair neles. Vou tentar.
No primeiro tempo, a seleção mostrou o que tinha de melhor: aplicação tática, marcação, algum brilho individual. No segundo, o que tinha de pior: falta de opções no banco, falta de talento, falta de uma melhor forma dos principais (e poucos) talentos, excesso de brio e falta de cabeça.
(Ih, peço desculpas pelo “eu já sabia”. Não resisiti. Mas é que é inevitável dizer que foi tudo como imaginávamos — pelo menos nos nossos pensamentos mais realistas.)
Mas a derrota não está doendo tanto. Por dois motivos. O primeiro é que a Holanda é um bom time. Jogou bem no segundo tempo. Tem craques. Joga mais ofensivamente e com mais talento — mais à brasileira? — que o Brasil.
O outro motivo é que essa dor não começou agora. Ela teve início quando percebemos que não jogaríamos esta Copa do jeito que queríamos. Começou na convocação, quando vimos que estava faltando craques, faltando talento, faltando motivos para se apaixonar por esta seleção.
Dunga fez uma opção por um time fechado, que já tinha tido muitas conquistas (mas que agora ficam diminuídas, não?). Um time de brigadores e de pouca magia. Um time mal-humorado como o técnico e que hoje pareceu tão desequilibrado quanto o técnico.
E que no fim, como disse o Flavio Gomes, apresentou não um futebol eficiente, mas apenas um mau futebol.
Essa opção de Dunga não deixou a gente se apaixonar pelo time. Como nos apaixonamos pela seleção de 82, que tinha o que o Brasil de 82 mais queria: felicidade e democracia.
Até em 94 nos apaixonamos, ao ver um time operário, funcional, mas com um gênio em ação. Um Brasil que voltava a funcionar e recuperava a auto-estima viu a seleção voltar a ser vencedora. A número 1 do mundo, com o jogador número 1 do mundo vestindo sua camisa.
Quando percebemos que não conseguiríamos nos apaixonar por esta seleção, bateu uma sensação de desperdício. Pô, sempre esperamos quatro anos para viver essa emoção e vamos ter que torcer pelo Felipe Melo? Por oito volantes? Por aplicação tática? Ali começou a doer.
Agora, já não estamos sofrendo tanto. Esse incomodozinho vai passar. Amanhã vai ter um jogão, Alemanha e Argentina, vai ser foda.
Mas, por pelo menos 5 minutos e 5 segundos, vamos curtir nossa tristezazinha:
Postado por: Marcos Abrucio