Ademir e mais 10.

Ouvindo meu pai falar sobre Ademir da Guia durante toda minha infância, demorei a entender como o melhor ídolo da história do Palmeiras jamais havia obtido sucesso na Seleção. Em bem da verdade, me lembro até hoje do dia em que fui pesquisar sobre isso e achei: “Copa de 1974 – Primeiro tempo jogado na disputa do 3º lugar”.

Como assim?! Alguns minutos na disputa da terceira colocação? Só podia ser mentira. Mas era verdade. Claro, uma daquelas verdades indigestas: desde a predileção pessoal de Zagallo e da (influente) imprensa carioca a outros atletas, até a escalação de outros gênios – como Rivellino (que, argh, jogava no Corinthians!).

Não fica triste não, Divino.

Contudo, foi assim que descobri que a história das Copas é repleta de “injustiças justificadas”. Também não deve ser nada fácil para um vascaíno engolir que nada mais, nada menos que Roberto Dinamite tenha sido eliminado junto com toda a Seleção daquela vergonhosa Copa de 1978 (Argentina 6×0 Peru, lembram?) e nem tenha entrado em campo em 1982.

Bonita camisa, Robertinho!

E 1978 traz ainda a ira de colorados pela não escalação de Falcão, assim como 1990 carrega o brado de flamenguistas diante da reserva de Renato Gaúcho. Da mesma forma, são paulinos até hoje pensam em linchar Carlos Alberto Parreira por ter tirado Raí tão cedo do esquema da equipe que foi tetracampeã em 1994 e os mesmos vascaínos pensem em dinamitar Zagallo pela Copa de 1998 sem Edmundo (e com Bebeto já veterano ao lado de Ronaldo).

Eu mesmo senti o amargo de não ver um ídolo com a camisa amarela quando, em 2002, Felipão deixou Alex de fora da meia-esquerda canarinha.

Sorria, Cabeção... não vale a pena chorar pela Copa derramada.

Enfim, são tantos os casos que poderíamos fazer posts e mais posts amargos e cheios de revolta sobre os excluídos das Copas. Mas eles seriam simplesmente inúteis. Por isso, na minha cabeça, todas as equipes brasileiras que participaram entre 1966 e 1974 tinham obrigatoriamente Ademir da Guia e mais 10.

Ainda que, dentre esses outros dez, houvesse um tal de Pelé.

Postado por: Henrique Rojas.