Postado por: Marcos Abrucio
Sejamos francos (sempre quis começar um texto assim, com “sejamos francos”; legal, gostei): na maioria dos dias, não acontece nada.
Nada de realmente importante, quero dizer. Tudo bem, de vez em quando rola “Curtindo a Vida Adoidado” na Sessão da Tarde. Mas fora isso, é o mesmo trânsito de sempre, uma ou outra discussão no Congresso, mais um golaço do Messi. Nenhuma novidade.
No entanto, existem alguns dias em que tudo acontece. 11 de junho do ano passado foi um deles.
Foram tantas coisas legais juntas que fica difícil dizer qual foi a mais incrível. Vejamos (sempre quis botar um “vejamos” no meio de um texto…):
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Para começar, 11 de junho de 2014 foi o meu aniversário. O dia mais legal que existe — pelo menos para quem faz aniversário nesse dia, no caso eu, o Hugh Laurie, o Gene Wilder e, droga, o J.Hawilla.
No seu aniversário, o universo inteiro o trata como você e a sua autoestima gostariam de ser tratados todos os dias. Naquelas 24 horas, você é o cara.
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Mas beleza, aniversário tem todo ano. Ontem mesmo rolou um deles, valeu, galera! Mas 11 de junho do ano passado foi também a véspera das minhas férias.
E todo mundo que já foi à escola sabe o que isso significa: é o dia mais cheio de esperanças, expectativas e empolgação do ano todo. Todas as obrigações estão às suas costas. À sua frente, só alegria. O despertador some da sua vida e você experimenta a inigualável sensação de não ter a menor ideia de que dia da semana é hoje. É demais.
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Tá legal, férias também tem todo ano (cara, espero do fundo do meu coração que você tenha férias todo ano), mas 11 de junho do ano passado também foi o dia da véspera da Copa do Mundo. E aí vamos para outro patamar de coisa legal.
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Como esse espaço (não muito frequentado ultimamente, é verdade) sempre repete: a época da Copa é a mais legal de todas. Ela começa quando o Brasil se classifica para o Mundial (sempre, por favor) e vai até o zelador do estádio da final apagar os refletores.
Mas o auge é mesmo no mês em que o mundo inteiro para para ver os jogos mais fantásticos que existem (ok, menos Nigéria x Irã).
E lembremos todos (“lembremos todos” também é legal, hein?) que esta não foi uma Copa qualquer, e sim a Copa das Copas.
Não foi (só) papo da Dilma. Torcedores, jogadores, jornalistas de todo o mundo consideraram a Copa do Brasil uma das melhores de todos os tempos. Jogões, golaços, viradas emocionantes, prorrogações… Para quem gosta de futebol, a nossa Copa teve de tudo (clique aqui, vale a pena).
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Só que, há um ano, nem todo mundo estava empolgado com isso. O rescaldo das manifestações de 2013 ainda pairava sobre a Copa. O mau-humor era generalizado. Olha só a capa da Folha no dia da abertura da Copa:
Ok, havia motivos para o pé atrás: o gasto exagerado em estádios que poderiam virar elefantes brancos (e, surpresa!, viraram) era uma preocupação mais do que válida. Sim, podíamos ter feito uma Copa mais brasileira. Com menos gastos, desconfianças, roubalheiras. Sim, a FIFA é abominável — e que bom que seus líderes fétidos começaram a cair.
Mas eu acreditava que dava para ser crítico à organização do Mundial e, ao mesmo tempo, curtir a melhor época que existe. No fim, foi o que rolou: quem não tinha ingresso deu um jeito de comprar, os estádios lotaram, os gringos vieram para se divertir, a gente se divertiu com eles, a Vila Madalena virou a ONU (e mictório, também) compramos toneladas de figurinhas e todos gritamos a plenos pulmões: OEAAAAA!
Foi tão legal que nem a maior derrota de todos os tempos foi capaz de tirar o gosto bom que essa Copa nos deixou.
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A expectativa pela Copa teria tudo para ser a coisa mais bacana daquele 11 de junho. Mas…
Mas em 11 de junho do ano passado eu fiquei sabendo que aquele voluminho na barriga da minha mulher não era um voluminho qualquer. Era uma menininha.
E não era uma menininha qualquer, e sim a menininha das menininhas: Olívia!
Sorry, Copa, mas não dá para competir com isso:
Eu nem imaginava, mas há um ano verdadeiramente começava a época mais legal de todas…