O campeonato é longo

As derrotas de Donald Trump nos EUA (ainda não admitida!) e da maioria dos candidatos apoiados por Bolsonaro nas eleições municipais no Brasil (ainda a serem confirmadas em segundo turno!) equivalem aos 3 a 0 da seleção sobre a Espanha na final da Copa das Confederações em 2013.

Lembra? Foi demais, foi incrível, lavamos a alma, resgatamos nosso orgulho, reconquistamos o respeito mundial, ôôôô, o campeão voltôôôô.

Aí, um ano depois, levamos 7 a 1 da Alemanha.

Entre os dois jogos, ficamos celebrando a nossa volta por cima e endeusando um esquadrão que aparentemente só precisava da camisa amarela para ser imbatível. Ah, e não evoluímos um centímetro na preparação para o que realmente importava: a Copa. Por outro lado, os adversários, pelo menos os alemães, estudaram direitinho como segurar nossos Neymars, Bernards, Hulks e Freds.

Bom, estamos a dois anos do que realmente importa: a eleição para presidente em 2022. Depois de uma longa série invicta, as forças do mal parecem (parecem!) ter levado uma goleada nos pleitos de agora. É óbvio que os Darth Vaders da política vão tentar voltar com força total no próximo. Vão estudar as fraquezas da nossa defesa, vão tentar acabar com a reputação dos nossos craques, vão tentar nos impor mais um 7 a 1.

Não é hora descuidar, portanto. Temos que trabalhar para evoluir o nosso jogo. Melhorar nossa estratégia. Ficar de olho nos nomes que poderão ser convocados. E ficar atentos em todas as bolas alçadas na área. Ou em 2022 vai virar passeio. De novo.

Neymar, burraldo

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Sempre fui fã do Neymar. Apesar dele ser marrento, mimado, mal-assessorado, ególatra. Só que, além disso tudo, ele é um gênio. Total. Joga muito, muito mesmo. Mas nessa Copa, pela primeira vez, peguei raiva dele. Não porque ele tenha ido tão mal (nem bem.) Mas porque ele foi burro.

Burro, burraldaço. E aí dá raiva.

Algo que eu não senti nem quando ele deu um chapéu no Chicão com o jogo parado. Ou quando deu um chapéu no Santos e disputou o Mundial de Clubes contra o Barcelona já contratado pelo… Barcelona. Ou quando deu um chapéu na Receita Federal. Ou quando deu um chapéu…

Não, nada. Cansei de defendê-lo em inúmeras situações. Porque ele é fera. No começo, havia o medo dele virar um Robinho, alguém que prometia ser um dos grandes mas no fim não era nada disso. Bobagem. Lembre-se de que Neymar já foi decisivo para os seus times em várias conquistas e ainda fez gols nas finais dos maiores desses títulos (Libertadores-2011 no Santos, Champions-2015 no Barcelona, Olimpíada-2016 na Seleção, por exemplo).

Por isso, nunca liguei para os seus penteados, suas tatuagens ou seus tuites. Pra falar a verdade, nunca me importei nem com a sua fama de cai-cai, piscinero ou diver (dependendo do país onde você está). Afinal, a cada jogo, ele apanha mais que o Rocky Balboa em todos os filmes da série. Apanha mais do que qualquer outro jogador no mundo. Se ele provoca, se chama a falta, aí é outra história. Mas apanha. Os caras pisam no pé dele, no tornozelo, dão cotovelada, o UFC todo. E aí ele desaba no chão e, em seguida, rola (e rola, e rola, e…). A hipérbole da sua reação era uma maneira de punir quem o surrava. Uma maneira de gritar: manhê, olha que o meu irmão mais velho fez!

Só que agora não precisava. E por não ter percebido isso, ele foi burro.

Neymar não sacou que, em uma Copa marcada pela vigilância do VAR e, paradoxalmente, por uma certa complacência à porrada (foram poucos amarelos, parecem que não queriam suspender ninguém), não adiantava nada ele rolar no chão daquele jeito. Quer dizer, só adiantou para melhorar nossos memes.

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Não precisava cair como se tivesse levado uma bala perdida. Tava todo mundo vendo. E o artifício, que antes poderia ser uma defesa, passou a ser prejudicial. Contra a Costa Rica, ele preferiu cavar um pênalti (que foi anulado) a continuar o lance. Contra a Bélgica, a mesma coisa. Nas oitavas de final, o cúmulo: sua reação exagerada impediu que o mexicano que pisou criminosamente no seu tornozelo fosse expulso. Neymar gritou e rolou – como ele sempre faz. Então não foi nada de mais, pensou o juiz e o mundo inteiro. Não, o cara tinha que ser expulso!

Nosso maior craque foi burro ao não ver como esse comportamento não fazia mais sentido. Um erro crasso de avaliação das circunstâncias.

Isso tudo prejudicou seu rendimento, o rendimento do time e a sua própria imagem. Neymar virou uma piada: o mundo inteiro o cita mais como mau ator do que como excepcional jogador de futebol. Uma grande burrice.

Claro que ser marrento, mimado, mal-assessorado, ególatra afunda ainda mais a situação. Quem está à sua volta o “protege” tanto que ele continua, aos 26 anos e pai há um tempão, sendo chamado de menino. Sempre foi assim, a começar pela presença onipresente do seu pai (Neymar, uma dica: seu parça Lewis Hamilton estourou de vez na F-1 quando o pai parou de o acompanhar em todas as corridas, negociar com os empresários, decidir tudo por ele. Depois disso, ele virou gente grande).

Nessa Copa, até o Tite, o Edu Gaspar e toda a comissão técnica, supostamente tão equilibrada e justa, colaboraram para passar a mão na cabeça (ora loira, ora não) do “menino”. Ele não dá entrevistas, não dá cara a tapa, não sabe nada dos seus contratos nem das suas declarações de renda. Vive numa bolha. A críticas são tão filtradas que viram apenas conspirações de quem tem inveja dele. Ei, Ney, críticas são também para ver se a pessoa melhora. Se você não as ouve, como vai melhorar?

Mas tudo isso eu sempre perdoei. Porque o cara é foda. Mas burrice, não.

Não existe craque burro.

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Postado por: Marcos Abrucio

Não quero nem saber

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— Pai, uma amiguinha da escola me deu umas figurinhas de uns homens

Olívia tem 3 anos e meio e, para meu alivio financeiro, ainda não conhece o álbum da Copa.

— Filha, são as figurinhas da Copa do Mundo!

— Eu não sei o que é a Copa do Mundo.

Oras, que espécie de pai sou eu? Como não apresento à minha filha o ápice da aventura humana na Terra? Mas essa é a minha deixa. A oportunidade perfeita para contar a ela o que faz desses próximos dias a época mais incrível de todas.

— Oli, a Copa é o campeonato de futebol mais legal do mundo, com times de muitos países jogand…

Ela me interrompe.

— Pai! Eu não quero saber o que é a Copa do Mundo.

Olívia tem 3 anos e meio e, para meu profundo desgosto, não quer nem saber o que é a Copa do Mundo.

***

Isso foi há algumas semanas, e ainda estou me recuperando do mini-infarto que sofri naquele dia. Pensei em deserdá-la, mas depois lembrei: ela não está sozinha. Pela primeira vez, a maioria dos brasileiros não tem interesse pela Copa. Pela primeira vez, eu sou minoria.

Bom, nos últimos quatro anos não faltaram motivos para isso. Ainda mais depois de 2014 — com tudo o que a Copa no Brasil teve de bom e de ruim. De bom: foi a Copa que a gente viu de perto, pô! Vivemos um mês respirando futebol o tempo todo, nas conversas, nas ruas, na mídia. E aí rolou uma overdose, claro. De ruim: levamos a maior de todas as traulitadas, tão grande que virou piada.

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Mas teve mais: de lá para cá o ex-manto da seleção virou o uniforme de uma facção política com uma ideia muito clara: derrubar quem estava no poder. O resultado — um país muito pior depois disso — faz com que as pessoas agora tenham vergonha de usar a camisa do Brasil até trancadas sozinhas no quarto.

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A torcida brasileira sempre foi mais exigente (= chata) do que apaixonada pela seleção. Só que agora o país está é de bode dessa coisa toda. Acho que depois do primeiro jogo, tudo isso muda. Em todo caso, vou me esforçar para fazer a minha parte.

***

— Filha, essa vai ser a sua primeira Copa! Não é legal? Na outra, você estava na barriga da mamãe.

— É?

— É, e você se comportou direitinho. A mamãe, com aquele barrigão, assistia a todos os jogos do meu lado no sofá. E dormia em todos…

Como se vê, Olívia puxou da mãe o apreço pelo futebol. Eu continuo:

— Só teve um jogo que foi complicado. Eu estava no estádio vendo o Brasil, a mamãe ficou em casa. O Brasil foi levando gols lá e ela aqui foi ficando sem ar, sem ar, parou até no hospital. Nada a ver com o jogo, ela não liga muito, acho que foi bronquite. Mas deu tudo certo. Com vocês duas, né, porque o Brasil, mesmo, levou sete.

Por sorte, Olívia não estava mais me ouvindo. Estava ocupada botando as bonecas para dormir no sofá.

***

A estreia da Olívia em Copas me lembrou de outras estreias. O primeiro jogo de Mundial que eu vi na TV: Brasil x Espanha em 86. Gol de Sócrates, eu pulando no sofá da casa minha avó, o juiz roubando os espanhóis num gol claro que só ele não viu:

Em 2002, a estreia do Brasil na Copa teve outra roubalheira a nosso favor. Viramos o jogo contra a Turquia num pênalti totalmente inventado: o juiz marcou uma falta no Luizão que nem existiu — e cujo lance foi fora da área.

Estreia do Brasil em 2006. Jogo contra a Croácia. Tínhamos uma seleção sensacional, com a maior quantidade de craques por metro quadrado em campo desde 1982. Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Adriano, Roberto Carlos. Cafu, Robinho (ok, nem todos eram craques). O time tinha ganho tudo (e ainda dado baile) no ano anterior. Quando chegaram na Alemanha, os jogadores estavam todos gordos e anestesiados. Era como se o país inteiro tivesse ficado sóbrio de uma hora para outra e os jogadores ainda estivessem bêbados. Um negócio assustador de se ver.

2014: a minha estreia in loco em jogos de Copas. Uruguai x Inglaterra no Itaquerão. Não teve preço a emoção de ver um jogo de Mundial na casa do meu time. Não teve preço pegar um trem pra ZL conversando com hooligans. Não teve preço saber que o mundo inteiro estava olhando para onde eu estava. Aliás, não teve preço mesmo: ganhei o ingresso da minha cunhada, à qual agradeço até hoje: valeu, Dani!

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***

Tite tem dois grandes desafios neste ano: o primeiro é recuperar a autoestima de uma equipe que levou 10 gols nos últimos dois jogos de Copa. Paradoxalmente, o outro é conter a euforia de uma equipe que, sob o seu comando, voltou a ganhar e a jogar bem. Boa sorte, professor.

Mas muito maior é o meu desafio: fazer a Olívia curtir a Copa. Ou pelo menos, curtir 1% do que eu curto. Já vai ser muito.

Posso me ver no próximo domingo, dia de Brasil x Suíça:

— Filha, vamos ver o jogo do Brasil?

— …

— Eu te pago um sorvete depois. De morango.

— Vamos!

Canarinho-Pistola

Postado por: Marcos Abrucio

Os Renegados da Copa (Parte I)

O telefone tocou, mas ele não atendeu. Era de se imaginar que um jogador de futebol não vá ficar grudado em seu celular durante o único mês de férias que tem no ano. Pior: durante o único mês de férias que nenhum jogador que ter a cada quatro anos.

Na terceira tentativa, no entanto, uma voz meio grogue veio do outro lado:
Bonjour, qui parle?
– Karim, é Jürgen. Precisamos de você.

Benzema estava em algum lugar do Mar Mediterrâneo, descansando com sua família após conquistar o tricampeonato da Champions League com o Real Madrid. Mas aquela mensagem direta e tipicamente alemã, vinda de um dos maiores camisas 9 que ele havia visto jogar, o deixou curioso.

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“Xá co papai”

Do outro lado do telefone, Jürgen Klinsmann explicou o porquê do telefonema. E, mesmo sendo bávaro até o último fio de cabelo loiro, deixou transparecer seu lado emocional de ter sido demitido pela Federação Norte Americana dois anos antes da Copa. O que fez o multicampeão e multicriticado atacante francês a se reconhecer – e aceitar o convite.

Outra coisa pesou na hora do oui final. Dias antes, dois compatriotas seus haviam recebido o mesmo telefonema e aceitado o mesmo convite: o jovem Rabiot e o já experiente Ribery.

A Torre de Babel em que se transformaram os grandes clubes europeus havia ajudado demais o projeto até ali. Sem sair do submundo dos vestiários, Ribery trouxe de Munique o lateral-direito Rafinha, que mandou um WhatsApp para Turim e convocou o canhoto Alexsandro, que por sua vez encontrou o belga Naiggolian no aeroporto de Roma e o colocou na parada.

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O belo e a fera

Cinco dias depois, a Seleção dos Renegados já contava com Fábregas, David Luiz, Hart, Payet, Rafinha Alcântara, Mustafi e tantos outros. Faltava apenas um nome, certamente o mais difícil de convencer, mas Kilnsmann estava pousando em Los Angeles justamente para fazê-lo.

Não a toa, o atacante que havia disputado três mundiais tinha o suor latente em sua avantajada testa ao tocar a campainha de uma gigantesca mansão em LA. Quando a porta se abriu, não somente uma música alta saiu lá de dentro, como também saiu um alto ser humano com coque samurai na cabeça e um sorriso no rosto. A conversa que prometia ser difícil se mostrou bastante simples e, em um passe de mágica (IBRACADABRA!) estava tudo resolvido.

– Diga ao mundo que Zlatan está dentro.

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Chamou?

Aquele plano havia sido nascido dois anos atrás. Assim que o selecionado dos Estados Unidos sofreu a sua segunda derrota seguida no hexagonal final da CONCACAF e Klinsmann foi demitido pela federação local, seu telefone tocou. Alguém, identificando-se apenas como “Mister”, disse que tinha um plano para abalar a sujeira do mundo do futebol e o queria como treinador.

Em um primeiro momento, claro, o alemão negou. Era contra o seu instinto. Mas após uma reunião com o tal desconhecido em território suíço, sempre neutro apesar de presente na Rússia, ele voltou atrás.

As condições para o projeto se desenrolar eram muito claras:

  • Apenas jogadores de países classificados para a Copa e não convocados poderiam ser chamados (nada de holandeses e italianos, portanto).
  • Quem aceitasse, estava declarando que estaria pronto para jogar uma partida única no dia 21 de julho de 2018.
  • Ninguém seria remunerado, mas receberia as passagens de ida a e volta + hospedagem de uma noite em um hotel 5 estrelas.

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der Kommandant

Essa última regra era pétrea, imutável. Afinal, além de se tratar de atletas muito bem pagos e vindos de todos os cantos do planeta, deveria haver uma única coisa que os unia: o desejo de vingança. Alguns estavam decepcionados, outros bravos, alguns furiosos; mas todos, sem exceção, queriam provar seu valor.

Porque pouco importa o seu salário ou quantas taças existem na sala da sua casa. Atletas não gostam de perder. Nunca. E ficar fora do maior evento esportivo do mundo era uma afronta bem difícil de se engolir.

(Continua…)

Postado por: Rojas

O Despertar pra Copa*

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Dia frio e seco de outono em São Paulo. Um homem de quase 40 anos desperta do sono, com uma leve dor de cabeça e um mal-estar pelo corpo. Tem aquela sensação de quem dormiu além da conta. Olha em volta e percebe que está em um quarto de hospital. Assim que tenta se levantar – sem sucesso, diga-se de passagem – uma enfermeira se aproxima da cama. Parece espantada por vê-lo acordado e sai pela porta dizendo que vai chamar um médico. Logo ele nota o rosto de um velho conhecido a seu lado no quarto.

– Pô, quem diria que você acordaria bem no dia em que eu tivesse um tempinho pra te fazer uma visita…

– Como assim…?

– Ah, faz tempo que eu tava pensando em dar uma passada, mas o trampo na agência…

– Não, não… Quero dizer, “como assim, acordar…?”

O amigo puxa a cadeira para perto da cama e sua expressão, antes de leveza e alegria, fica pesada e séria.

– Cara, você não lembra? Faz 4 anos que você tá assim…

– Assim como?

– De cama… Sem acordar…

– Eu tava em coma?

– Mais ou menos… Bom, os médicos nunca conseguiram diagnosticar exatamente o que você teve…

– Não entendi. O que aconteceu? Foi acidente?

– É, dá pra dizer que foi… Não gosto nem de lembrar.

– Fala logo ou vou ter um piripaque!

– Outro piripaque não! Espera o médico chegar. Vai que você não pode reviver o que causou o trauma.

– Trauma? É, pode ser…

– Vamos mudar de assunto.

– Tá, tá… Até porque esse papo já tá me dando mais dor de cabeça. Pô, 4 anos, né? Deve ter mudado muita coisa…

– Pois é…

O homem se ajeita na cama enquanto o amigo vai lhe contando as novidades.

– E minha família?

– Todos bem, inclusive a sua sobrinha de 3 anos.

– Eu tenho uma sobrinha de 3 anos?! Caraca! Como ela é? Tem foto pra eu ver?

– Segura a ansiedade que ela tá vindo aí com sua família. Já mandei uma mensagem pra eles.

– Ah, boa. Que baita novidade. O que mais rolou?

– Tanta coisa… Nem sei por onde começar.

– A gente tinha um blog para falar da Copa, né?

– Pois é, tô escrevendo semana sim e outra também pra manter nosso blog ativo.

– Tá no ar ainda? Boa. E a seleção? A última coisa que lembro é que tava aos trancos e barrancos na Copa…

– Mudou muito de lá pra cá. Do que mais você lembra?

– Deixa eu ver… Thiago Silva capitão, o gol contra do Marcelo, o Neymar se contundindo…

– Tem muita gente nova no time, mas o Thiago e o Marcelo tão aí até hoje. E o Neymar foi confirmado com a 10 depois de se recuperar da contusão.

– Nossa, ele ainda tava se recuperando da entrada do Zuñiga?

– Não, tava em tratamento de outra contusão… Aliás, daquele time, o Dani Alves e o Fred tão fora de ação, contundidos.

– Dani Alves seguir na seleção, ok. Mas o Fred “cone”?

– Cara, quanto rancor. O Fred até recuperou o faro de gol depois da Copa.

– Difícil de acreditar… Ele ainda é o camisa 9?

– Não, o 9 é o Gabriel Jesus. E o reserva do ataque é o Firmino.

– Jesus? Firmino?

– Os dois surgiram depois da Copa de 2014 e tão entre os 23 convocados pelo Tite pra Copa na Rússia.

– Ah, o Tite assumiu a seleção depois de 2014. Demorou!

– Demorou mesmo porque quem assumiu depois da Copa foi o Dunga. O Tite só veio em 2016.

– Dunga de novo?! É sério? Não faz sentido algum.

– Desencana de tentar entender. E aí, mais alguma lembrança vem à cabeça?

– Bom, o Brasil tava na semi contra a Alemanha, com Bernard e sem Neymar. Me dava até um desespero…

– Vai com calma aí.

– Peraí, agora eu tô lembrando: o Brasil tava perdendo de lavada! E no primeiro tempo!

– Olha o monitor cardíaco bipando: você tá ficando agitado. E cadê o tal médico que tava vindo? Enfermeira!

– Tá bom, tá bom. Mas me conta o que aconteceu. Tem a ver com meu trauma?

– Então… Você entrou em choque quando o Brasil tomou o terceiro gol e não conseguiu mais ver o resto do jogo. Na verdade, nenhum de nós conseguiu. A gente chamou a ambulância e veio pro hospital com você.

– Que trauma. A Alemanha foi pra final então?

– Sim, os alemães pegaram os hermanos na decisão.

– Argentina finalista?! Com aquele time? Só o Messi se salvava. Deve ter sido outra lavada…

– Pior que não. Teve grande chance de ganhar. O Higuaín perdeu um gol feito quando tava zero a zero. Na prorrogação, a Alemanha fez 1 a 0 e levou o caneco.

– Quem diria, o time que nos massacrou contra a nossa maior rival na final. A torcida deve ter ficado dividida.

– Na verdade, os brasileiros torceram em massa pelos alemães. Nossos vizinhos ficaram bem chateados com isso.

– Os Almeida ficaram chateados?

– Não, os meus vizinhos… Os nossos vizinhos: os argentinos.

– Ah, entendi. Mas depois daquela goleada na semi, dá pra entender por que os hermanos esperavam apoio da nossa torcida.

– Com certeza. Mas a rivalidade falou mais alto.

– Eu não sei o que faria. Acho que não conseguiria torcer pelo time que acabou com nosso sonho do Hexa.

– Foi difícil mesmo.

– Pô, torcer pros “culpados” pela nossa maior derrota em uma Copa jogando em casa…

– É, o Maracanazzo já não detém mais esse título.

– Fora a humilhação de levar 3 a 0 em pleno Mineirão…

– Ih, azedou… Você ainda acha que o jogo acabou 3 a 0? Peraí, que agora eu preciso ter certeza de que alguém tá vindo pra te medicar… Enfermeeeeeira!

*História baseada em fatos bem reais e outros nem tanto pra marcar a volta ao blog após 4 anos.

Postado por: Flavio Tamashiro