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A mensagem é o meio

Escrevo antes da final da Copa. E antes que o assunto seleção brasileira murche de vez, aqui vai uma última e breve divagação.

As reações apaixonadas aos posts contra e a favor de Dunga (de Antonio Nogueira e de Antero Neto) que propositalmente confrontamos aqui chamaram minha atenção para dois pontos, um ligado ao outro.

O primeiro é que cada texto (e seus respectivos apoiadores) se associa a uma maneira oposta de ver o futebol.

Uma visão é a de que o futebol é berço da arte, do prazer, da alegria. Para os defensores deste lado, mais importante que ganhar é encantar. E a melhor maneira de entrar para a história é jogando bonito.

Quem está deste lado provavelmente condenou o futebol pregado pelo (agora ex) treinador da seleção.

Uma visão antagônica a essa lembra que o futebol, antes de ser um espetáculo, é um esporte. E no esporte, busca-se a vitória, ora essa. Beleza? Arte? Nada: o resultado é mais importante. Como na guerra, quem entra para os livros é quem ganha.

Quem concorda com isso deve estar entre os que apoiaram o texto que livra a cara de Dunga.

Mas outra coisa chamou a minha atenção:

As seleções brasileiras das duas últimas Copas foram talhadas para agradar em cheio os defensores de cada uma dessas posições — a de 2006 era a que jogaria bonito; a de 2010, traria a vitória a qualquer custo. Só que essas seleções acabaram decepcionando até quem concordava com a visão que elas representavam.

Explico: a seleção de 2006, com seu quadrado mágico, com atletas que foram eleitos os melhores do mundo e tocavam a bola de pé em pé embalados pelo mantra “joga bonito”, deveria encantar quem apóia um futebol mais, digamos, artístico.

Só que ela acabou desapontando os defensores da poesia no futebol ao desfilar na maior parte do tempo uma performance apática, desinteressada, sem inspiração. Fosse um espetáculo, levaria tomates.

Já 2010 seria a forra de quem sempre viu no grupo anterior um bando de mercenários sem gana. Agora teríamos um técnico enérgico, que faria de tudo pelo resultado e comandaria um grupo de guerreiros, de “comprometidos” com a seleção brasileira.

Mas a guerreira e comprometida seleção de 2010 fraquejou ante à Holanda. Perdeu todo o prumo após dois gols bestas. As pernas tremeram e ninguém conseguiu fazer nada para conseguir o resultado — aquele que justificaria tudo, lembra?

As duas visões extremas sobre o futebol falharam. Então pergunto: por que não o caminho do meio?

Como em 2002, quando Felipão botou ordem na casa depois da mais acidentada campanha que o Brasil já teve nas eliminatórias.

Ele fortaleceu a defesa, botou três zagueiros e fechou os ouvidos para os pedidos por um envelhecido Romário. Mas apostou nos craques. Botou Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo para decidirem a Copa. Decidiram.

O meio, gente. Como em… 1970.

Isso mesmo, a mais brilhante seleção de todos os tempos, a que mais deu espetáculo e mais abasteceu o You Tube com lances superlativos era sim, “comprometida”.

A começar pelo começo: a delegação foi a primeira a chegar no México, para se aclimatar à altitude. A preparação foi tão perfeita que em todos os jogos a seleção sobrava no segundo tempo.

Ela tinha também muita obediência tática. Tostão sempre lembra que, quando não tinha a bola, aquele time voltava todo para marcar a saída do adversário. Solto, só ficava Pelé.

Pelé, aliás, é outro exemplo de seriedade daquele grupo. Ele já era a maior estrela do futebol mundial há uma década. Mas botou na cabeça que faria de tudo para ganhar e arrebentar na sua última Copa. Ganhou e arrebentou.

Perceba, pelos exemplos, que o meio não é sinônimo de medíocre. Pelo contrário. Evitar os extremos pode ser o caminho para ser brilhante.

Pois é. No futebol, nem sempre o melhor é jogar pelas pontas.

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Agora escrevo logo após a final da Copa. E deu Espanha.

O time com os jogadores mais habilidosos, que nunca maltratou a bola e que ganhou tudo desde as categorias de base superou merecidamente um time pragmático e que bateu muito, na Copa toda e em especial na final.

O futebol bonito venceu o futebol de resultados?

Calma, nada é tão simples. O time do futebol-arte foi o campeão com o menor númerode gols na história das Copas. E, embora tocasse lindamente a bola, muitas vezes não tinha objetividade alguma.

E o time que não se importava com o espetáculo havia vencido todos os seus jogos desde as eliminatórias, tinha feito doze gols na Copa e contava com dois grandes jogadores, Robben e Sneijder.

Como a vida, o futebol é complicado. E, em ambos, convém não ser nem tanto lá, nem tanto cá.

(* amanhã, mais sobre a final da Copa.)

Postado por: Marcos Abrucio

A FIFA informa

Algumas notícias que gostaríamos de ouvir:

– A FIFA autorizou que Diego Milito, que não está sendo utilizado pela equipe da Argentina, seja escalado pelo Brasil. Ele vai estar em campo com a camisa amarela já no próximo jogo.

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– A FIFA permitiu que todos os torcedores continuem soprando suas vuvuzelas, mas somente com o ânus.

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– Para aumentar a média de gols da Copa, a FIFA decidiu que a repórter Sara Carbonero, namorada do goleiro espanhol Iker Casillas, vai ficar atrás do gol em todas as partidas do Mundial. De topless.

Sara tudo

Ei, Casillas, olha pra cá!

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– A FIFA determinou que em todos os jogos do Brasil será exibido nos telões um vídeo com os melhores lances de Paulo Henrique Ganso neste ano. Caso reclame, o técnico brasileiro será advertido, e o vídeo, reprisado.

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– A FIFA autorizou que a seleção da Irlanda faça o jogo contra a África do Sul, na última rodada do grupo A, no lugar da França. Assim que terminarem de beber e de comer pizzas, os irlandeses embarcam para Johanesburgo.

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– A seleção da França, por sua vez, foi agraciada com o troféu Fair Play. Em resposta à sua injusta classificação para a Copa e em solidariedade ao povo irlandês, os jogadores franceses resolveram não entrar em campo neste Mundial. Bonito.

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– Num ato digno do Nobel da Paz, a FIFA permitiu que as seleções da Coréia do Norte e do Sul formem uma equipe unificada para os jogos seguintes da Copa. O time vai contar com a defesa do Norte e o ataque do Sul, tornando-se assim uma das forças do torneio. A má notícia é que na próxima rodada eles pegam o time unificado do Brasil e da Argentina, escalado com a defesa brasileira e o ataque argentino. O técnico é Maradona (o da novela).

Sei lá, sei lá...

Burro!

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– A tão criticada Jabulani será substituída nos jogos restantes da Copa pela Telstar, a bola da Copa de 70. A expectativa dos dirigentes é que, com uma bola decente, lances como esses se repitam.

Coisa linda.

Essa você não encontra em nenhum supermercado.

Para ajudar os jogadores atuais a se acostumarem com esta bola, a FIFA permitiu que cada seleção convoque um jogador da Copa de 70 para atuar de novo neste Mundial.

O técnico brasileiro Dunga ainda não decidiu qual craque de 70 vai convocar. Está entre Baldocchi, Joel ou Fontana.

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A qualquer momento, voltaremos com mais notícias extraodinárias como essas. Informou Marcos Abrucio.

Fé nos perebas

 

"Olha o que ele fez, olha o que ele fez!"

Então é isso, amigos. A Seleção foi convocada, temos os 23 escolhidos para o hexa e, assim como bem escreveu nosso querido Abrucio, o negócio é torcer.

Confesso que também me retorci ao escutar alguns dos nomes da lista oficial (e ainda mais quando ouvi os 7 que estão de “suplentes”), mas é hora de parar de reclamar de quem não foi e analisar quem vai. E foi fazendo este exercício colossal que percebi algo mais do que óbvio (e dolorido): toda seleção campeã tem os seus questionáveis.

Pegando o recente pentacampeonato como exemplo, os nomes são variados: Ânderson Polga, Vampeta, Edílson, Luizão, Kléberson e por aí vai. É fato que alguns nem entraram em campo e que outros foram decisivos. Mas o lance é que os caras foram, jogaram e ganharam a taça.

Ou você não lembra do pênalti cavado por Luizão diante da Turquia na estreia? Ou da final perfeita de Kléberson? A segurança, quem diria, de Roque Júnior? Até do gol de puxeta de Edmílson nos 5 a 2 diante da Costa Rica dá pra lembrar com carinho.

Luizão se joga fora da área e o Brasil começa a caminhada do Penta

Voltando ao tetra, vemos mais nomes que davam frio na espinha: Ronaldão, os já veteranos Paulo Sérgio e Gilmar Rinaldi, a criança chamada Ronaldo… tinha de tudo na equipe comandada por Parreira e capitaneada por Dunga.

Um judoca? Não, é Ronaldão.

E no fabuloso escrete do tri, em 1970? Pelé, Tostão, Gérson, Rivellino, Jairzinho… e também Marco Antônio, Baldocchi, Joel, Everaldo…

Aquele lateral mais ou menos ao lado de Baldocchi, o mito.

O bicampeonato veio com monstros do quilate de Didi, Nílton Santos, Garrincha, Pepe e, claro, ele: Amarildo, reserva quase que desconhecido do lesionado Rei Pelé. Já em 1958, nosso primeiro título chegou com as inestimáveis ajudas de ‘caneleiros’ como Zózimo, Oreco e De Sordi.

Parace Pelé, mas é Zózimo.

A vida é assim, o futebol é assim e a grande verdade é que convocações – campeãs ou não – são sempre polêmicas. Não que isso justifique Donis, Josués e Grafites (sinceramente não consigo justificar esses três), mas é algo no qual podemos nos segurar para ganhar confiança para a Copa que se aproxima.

Quem sabe o gol do título não sai dos pés de Michel Bastos?

Postado por: Henrique Rojas.

¡Las Diez Más!

Conversando com meu ponderado amigo Antero, pensamos em uma humilde campanha em prol do bom futebol:

Toda Copa do Mundo tinha que ser no México.

Para sempre. O GP de Mônaco não é sempre nas mesmas ruas de Monte Carlo? Alguma vez o Torneio de Wimbledon foi pra Hong Kong? Então. Toda final de Copa tinha que ser no Estádio Azteca apinhado de gente, num domingo ensolarado, ao som de mariachis. Ok, essa última parte não precisa.

A Copa eternizada na terra de Pancho Villa e Hugo Sanchez seria uma garantia permanente de golaços, jogadas inesquecíveis, jogos palpitantes e craques de primeiro escalão desfilando pra lá e pra cá. Porque foi isso que se viu, em generosas doses, nas duas edições do Mundial jogadas por lá.

Se um dia escolhessem qual foi a melhor das Copas, a de 70 e a de 86 seriam ótimos votos.

Tanto que muitas das minhas referências de obras-primas do futebol têm como moldura os calorentos campos mexicanos. Resultado, mais uma vez, das intermináveis repetições dos teipes da Copa de 70, a Copa dos superlativos. E também das primeiras partidas de Copa que vi ao vivo, em 86.

Para sensibilizar os velhinhos da FIFA a apoiarem essa nobre campanha, deixo aqui a parada com os dez maiores sucessos dos gramados mexicanos:

10) Espanha 5×1 Dinamarca – 1986

Uniforme exótico, futebol envolvente, goleadas. A Dinamarca de 86 parecia até a Holanda 74. Ganhou da Alemanha, da Escócia e meteu 6 no Uruguai. Mas nas oitavas encontrou a Espanha de Emilio Butragueño. Aí a Dinamáquina emperrou.

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9) Bélgica 4 x 3 URSS – 1986

No gol, o fantástico Dasaev. Na frente, Belanov, autor de três gols na partida. Mas naquela tarde ter esses dois craques não foi suficiente para a finada União Soviética parar uma das surpresas do Mundial de 86, a Bélgica. No tempo normal, 2 a 2, com os belgas sempre atrás. Na prorrogação, o time de Scifo e Ceulemans abriu dois gols de vantagem. No finzinho, os soviéticos descontaram.

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8 ) Alemanha 3 x 2 Inglaterra – 1970

Quatro anos depois, a decisão de 1966 era repetida, dessa vez nas quartas de final. E parecia que o script seria igual: mesmo sem Gordon Banks, com diarréia, ops, problemas estomacais (é, Copa no México tem dessas), os ingleses abrem 2 a 0. Só que Franz Beckenbauer e Uwe Seeler empatam no segundo tempo e, na prorrogação, o artilheiro daquela Copa, Gerd Müller, vira o jogo e desentala aquele jogo de Wembley da garganta dos alemães.

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7) Brasil 1 (3) x 1 (4) França – 1986

Ai, como dói. Nem tanto por termos perdido aquela Copa — a seleção estava desfalcada, envelhecida e não chegou a empolgar como quatro anos antes. Mas sim por termos visto a maior injustiça que o futebol perpetrou contra um de seus gênios: o pênalti perdido por Zico. Mas tudo bem: pelo menos o jogo contra a França foi uma partidaça. Num raro caso de choque entre dois times ofensivíssimos, todos os jogadores buscaram a vitória até o final da prorrogação. Não dava para piscar. Dá play aí em cima e vê se eu tô mentido.

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6) Brasil 3 x Uruguai 1 – 1970

Uma partida de xadrez com lances de vale-tudo que, no fim das contas, foi decidida pela bola no pé. Os uruguaios faziam questão de lembrar: vinte anos antes eles tiraram o doce dos brasileiros em pleno Maracanã. E continuaram nos assustando com faltas duríssimas e inaugurando o placar com um gol de Cubilla. Mas parece que se lembrando de uma promessa feita ao seu pai vinte anos antes, Pelé resolveu dar um joelhaço naquele trauma. Liderou a virada brasileira, com gols de Clodoaldo (num golpe tático maravilhoso), Jairzinho e Rivelino, mandou uma cotovelada medonha num uruguaio e ainda judiou do goleiraço Mazurkiewicz com alguns dos mais belos não-gols da história do futebol.

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5) Argentina 3 x 2 Alemanha – 1986

O melhor time do Mundial, com o melhor jogador do mundo. Não tinha jeito: a Argentina era a favorita para levar o título. E fez jus às expectativas ao abrir 2 a 0 com até certa tranqüilidade. Mas, como vimos, a Alemanha é casca. E com Rummenigge e Völler, chegou ao empate, faltando 10 minutos para o fim. Aí o melhor do mundo honrou a alcunha: no meio de três alemães, lançou Burruchaga, que tocou no canto de Schumacher. O ponto final de uma das mais emocionantes finais de Copa.

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4) Brasil 1 x 0 Inglaterra – 1970

É o jogo que a Inglaterra não esquece. O jogo de uma das melhores exibições da seleção inglesa. Da maior defesa de todos os tempos, de Gordon Banks. Do melhor carrinho da história, de Bobby Moore. De uma esquecida grande atuação de Félix. Dos dribles de Tostão, da assistência de Pelé para Jairzinho. Para muitos (principalmente os ingleses), o jogo mais foda de todos os tempos.

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3) Argentina 2 x 1 Inglaterra – 1986

A Argentina vinha de uma ditadura sanguinolenta e de uma guerra para muitos sem sentido justamente contra a Inglaterra. Mas tinha Maradona, que naquele jogo soterrou todas as mágoas e todos os traumas e fez o sol brilhar de novo no lado de lá da fronteira. Todos sabem: é o jogo do gol de mão e do gol do século, o maior gol de todas as Copas. Mas foi também um jogão disputadíssimo. No final, Gary Lineker, artilheiro da Copa, descontou para os ingleses, que aparecem pela terceira vez nesta lista — e perdem a terceira.

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2) Brasil 4 x 1 Itália – 1970

O ápice da melhor campanha do melhor time da melhor Copa de todas. Quer mais? O TCC da seleção de Pelé no México até hoje emociona por ser a rara ocasião em que o futebol bonito (no caso, lindo) ganha (no caso, arregaça). O belo time da Itália, símbolo de uma escola completamente oposta de futebol, ainda deu certo trabalho no primeiro tempo. Mas o quinteto brasileiro de camisas 10 (Pelé, Rivelino, Gérson, Tostão e Jarzinho, todos 10 em seus clubes) fez dos 45 minutos finais a maior demonstração de futebol coletivo já vista num jogo de Copa do Mundo.

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1) Alemanha 4 x 3 Itália – 1970

Essa foi barbada. O “Jogo do Século” em quase toda lista decente. Uma partida tão incrível, mas tão incrível, que já mereceu um post só para ela. Leia e entenda porque nunca houve um jogo como este. No México e em qualquer lugar.

Postado por: Marcos Abrucio

Não era dia de Pelé

México, 1970. Em campo, um dos melhores times do mundo. A multidão aguardava mais um espetáculo da seleção canarinho. E torcia para ser abençoada com um gol de placa do camisa 10, só para ter o gostinho de dizer “Eu estava lá!”. Mas aquele não era dia de Pelé.

Todos de olho no Rei (o da direita)

Desde o apito inicial, os ingleses mostravam que não eram os campeões do mundo à toa. Mas logo aos dez minutos o Rei deu o ar da sua graça: Jairzinho avançou pela direita, foi à linha de fundo e cruzou a bola no alto para Pelé, na segunda trave. O Rei fulminou o goleiro Banks com uma linda cabeceada no canto direito. Gol!!! Gol? Não. O goleiro inglês Gordon Banks saltou no canto e fez uma defesa espetacular.

A partida continuou equilibrada. Os tchecos tentavam segurar o empate até o intervalo. O que não parecia bom negócio para o Brasil, que quase desempatou aos 40 minutos: Pelé viu o goleiro Viktor adiantado e chutou do meio de campo. No desespero o goleiro tcheco correu de volta para sua meta. A multidão, de boca aberta, sofreu com aqueles segundos de suspense. Mas a bola caprichosamente foi para fora. Mesmo assim a torcida foi ao delírio.

O segundo tempo foi marcado pela catimba do adversário e pela garra dos brasileiros. A seleção canarinho queria exorcizar o fantasma de 1950. Os uruguaios, sabendo disso, não paravam de provocar os brasileiros. O início da etapa foi de poucas oportunidades para os dois lados. Até que o goleiro uruguaio Mazurkiewicz resolveu dar um pouco de emoção ao público: cobrou mal um tiro de meta e Pelé devolveu a bola com um chute de primeira, do “meio da rua”. Para sorte uruguaia, o goleiro da celeste olímpica conseguiu evitar o gol.

Mazurkiewicz, em 1970: figurinha carimbada por Pelé

Já nos acréscimos, Mazurkiewicz seria o antagonista de outra jogada genial do Rei. Do campo de defesa, Everaldo deu um chutão para frente. No ataque,  Jairzinho – o “Furacão da Copa” – ganhou a dividida com um uruguaio e rolou a bola para Tostão. O camisa 9 percebeu Pelé passando em velocidade por trás da zaga celeste. O passe foi milimétrico e só restou a Mazurkiewicz sair da meta para evitar o gol do Rei. Em milésimos de segundos, Pelé decidiu deixar a bola passar e enganou o goleiro uruguaio – e todos no estádio. No esforço para alcançar a pelota após o drible, o Rei chutou sem equilíbrio e a bola saiu torta, morrendo na linha de fundo. Por pouco não aconteceu um dos gols mais bonitos de Pelé.

Em seguida, o árbitro apitou o fim da partida. Não era mesmo dia de Pelé… Ou era?! A torcida nas arquibancadas não deu a mínima. Todos aplaudiram de pé o espetáculo. Depois desses quatro lances geniais, havia uma certeza entre os espectadores: era sim dia de Pelé!

Brasil na Copa de 1970: lances geniais que valeram cada ingresso

Postado por: Flávio Tamashiro